domingo, 16 de novembro de 2008

Recesso

O Blog entra em recesso nesta data, sendo assim, aproveitem o vasto acervo contindo nele. Boas festas de fim de ano a todos e bom carnaval. Voltaremos no mês de Março.


Abraços!

sábado, 15 de novembro de 2008

Amor quando é amor

Amor quando é amor
É todo bem da vida
É sentir prazer
É também sofrer o bem de querer bem

Eu te amo assim querido
E assim és recebido
Em meu pobre coração

Olha amor
Não quero acabar assim
Olha amor
Você nasceu pra mim

Fica amor
Escuta o lamento meu
Esse amor ainda é teu e meu.


(Niquinho / Othon Russo)

Ai Quem Me Dera

Ai quem me dera terminasse a espera
Retornasse o canto, simples e sem fim
E ouvindo o canto, se chorasse tanto
Que do mundo o pranto, se estancasse enfim

Ai quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai quem me dera uma manhã feliz
Ai quem me dera uma estação de amor...

Ahh se as pessoas se tornassem boas
E cantassem moas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem ser casais

Ai quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim

Ai quem me dera ouvir um nunca mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E ao fim da espera
Ouvir na primavera
Alguém chamar por mim

Ai quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim

Ai quem me dera ouvir um nunca mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E ao fim da espera
Ouvir na primavera
Alguém chamar por mim.



(Vinicius de Moraes)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Adeus Rio

Eu tenho agora que deixar meu Rio
Estou triste só de pensar
Meu coração está vazio
E eu faço tudo para não chorar

Prefiro esconder meu pranto
Eu que te amo tanto, Rio de Janeiro
Mas sinto as lágrimas rolando
Aos poucos inundando o meu rosto inteiro

Adeus, meu Rio lindo!
Adeus, eu já vou indo
E para disfarçar eu rio até chorar
Ninguém há de chorar comigo

Lágrima feliz
Saudade de um amor
Ninguém há de saber
Não digo.



(Jota Júnior)

A Favorita

Foi por isto que a escola não saiu
Você era a favorita, por que razão desistiu?
A escola sem você, não saiu, não desfilou
Nosso enredo era tão lindo, sem você tudo acabou

Deixa disso, vem sambar
A moçada está cansada de esperar
Por favor, não vá embora
Madrugada está chegando e você tá perdendo a hora

Este ano você pensa em não sair
Vá levar sua alegria para o morro voltar a sorrir
Já comprei suas sandálias e a baiana de cetim
Quero ver você sambando, não fique tão triste assim

Quero você gastando as sandálias na avenida
Quero ver você sambando na passarela colorida
Fazendo jogo de cena com a ala dos cartolas
E você voltando a ser a favorita da escola




(Francisco Leonardo)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nós e o mar

Lá se vai mais um dia assim
E a vontade que não tenha fim
Esse sol
E viver, ver chegar ao fim
Essa onda que cresceu morreu
Aos seus pés

E olhar
Pro céu que é tão bonito
E olhar
Pra esse olhar perdido nesse mar azul
Outra onda nasceu
Calma desceu sorrindo
Lá vem vindo

Lá se vai mais um dia assim
Nossa praia que não tem mais fim
Acabou
Vai subindo uma lua assim
E a camélia que flutua
Nua no céu


(Roberto Menescal)

Me deixe só

Não vou querer mais
Não vou poder mais
Teu olhar na minha vida
A tua calma companhia
Embora te queira tanto amor

Me deixa só
Errada e complicada
Não posso a tua paz
De nada me adianta a tua voz
Me cansa o teu eterno perdão
Embora eu queira tanto o teu peito amigo, amigo

Me deixa só
Errada e complicada
Não imponha tua mão no meu caminho
Eu prefiro amar tua distância
A morrer em outra despedida
A ir morrendo em outra direção
Embora eu queira tanto o teu peito amigo



(Maysa / Roberto Menescal)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu

A noite, a dor e eu.
Tento ler o jornal.
Acendo um cigarro.
Que horas são?
Eu ouço os passos eu vou lá ver.
Quero dormir já não posso mais.
Meu Deus será que ele não vêm mais?
Um gosto amargo ficou em mim.
Entre cigarros, fumaça e dor.
A noite chegou ao fim.
E amanheceu.
Esperança vêm, de te ver chegar.
Te te ouvir dizendo: Vim correndo, vim gritando, amor.
Ontem, sim eu vim.
Vim ficar.



(Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)

Quem quiser encontrar o amor

Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que sofrer
Vai ter que chorar
Amor assim não é amor
É sonho e ilusão
Pedindo tantas coisas
Que não são do coração
Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que sofrer
Vai ter que chorar
O amor que pede amor
Somente amor há de chegar
Pra gente que acredita
E não se cansa de esperar
Feliz então sorrindo
Minha gente vai cantar
Tristeza vai ter fim
Felicidade vai ficar
Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que sofrer
Vai ter que chorar



(Carlos Lyra / Geraldo Vandré)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Palavras Perdidas

Ah, ah se eu pudesse falar
Com tanto no coração
Pra receber e pra dar

Ah, quantos silêncios chorei
Quantas verdades que eu sei
A vida me fez calar

Lá no meu mundo, no fundo
Segredos, enredos eu vivo a guardar
Quanta palavra sentida
No rosto traída
Perdida no olhar

Vou, vou pela vida rolar
Com tanto no coração
Pra receber e pra dar

Lá no meu mundo, no fundo
Segredos, enredos eu vivo a guardar
Quanta palavra sentida
No rosto traída
Perdida no olhar

Vou, vou pela vida rolar
Com tanto no coração
Pra receber e pra dar


(Reginaldo Bessa)

Conselho

Se você me encontrar pelas ruas
Não precisa mudar de calçada
Pense logo que somos estranhos
E que nunca entre nós houve nada

Não precisa baixar a cabeça
Pra não ver os meus olhos nos seus
Passarei por você sem rancor sem lembrar
Que entre nós houve adeus

Nossos sonhos são tão diferentes
Que o remédio é mesmo deixar
Que esse amor se desfaça com o tempo
Sem que seja preciso chorar

Entre nós não há culpa nem mágoa
O destino assim escreveu
Poderemos achar noutros braços
Este amor que entre nós não viveu.




(Denis Brean / O. Guilherme)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Adeus

Adeus, palavra tão corriqueira,
Que diz-se a semana inteira
A alguém que se conhece.
Adeus, logo mais eu telefono,
Eu agora estou com sono
Vou dormir pois amanhece.
Adeus, uma amiga diz à outra,
Vou trocar a minha roupa.
Logo mais eu vou voltar
Mas quando,
Este adeus tem outro gosto
Que só nos causa desgosto
Este adeus você não dá .



(Maysa)

Demais

Todos acham que eu falo demais
E que eu ando bebendo demais
Que essa vida agitada
Não serve pra nada
Andar por aí
Bar em bar, bar em bar

Dizem até que ando rindo demais
E que eu conto anedotas demais
Que eu não largo o cigarro
E dirijo o meu carro
Correndo, chegando, no mesmo lugar

Ninguém sabe é que isso acontece porque
Vou passar toda a vida esquecendo você
E a razão por que vivo esses dias banais
É porque ando triste, ando triste demais

E é por isso que eu falo demais
É por isso que eu bebo demais
E a razão porque vivo essa vida
Agitada demais
É porque meu amor por você é imenso demais.



(Tom Jobim / Aloysio de Oliveira)

domingo, 9 de novembro de 2008

Bom Dia Tristeza

Bom dia tristeza
Que tarde tristeza
Você veio hoje me ver

Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue tristeza
Se sente comigo
Aqui nesta mesa de bar
Beba do meu copo

Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

(Vinicius de Moraes / Adoniran Barbosa)

Resposta

Ninguém pode calar dentro em mim
Essa chama que não vai passar
É mais forte que eu
E não quero dela me afastar
Eu não posso explicar quando foi
E como ela veio
E só digo o que penso
Só faço o que gosto
E aquilo que creio
Se alguém não quiser entender
E falar, pois que fale
Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe
E se alguém interessa saber
Sou bem feliz assim
Muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim



(Maysa)

sábado, 8 de novembro de 2008

Ouça

Ouça, vá viver
A sua vida com outro bem
Hoje eu já cansei
De pra você não ser ninguém

O passado não foi o bastante
Pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande
Só eu e você

Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar

Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar



(Maysa)

Meu mundo caiu

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí

Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar


(Maysa)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Tristeza

Tristeza, por favor vai embora
Minha alma que chora
Está vendo o meu fim

Fez do meu coração a sua moradia
Já é demais o meu penar
Quero voltar aquela vida de alegria
Quero de novo cantar


(Niltinho Tristeza / Haroldo Lobo)

Tereza da Praia

Lúcio
Arranjei novo amor
No Leblon
Que corpo bonito
Que pele morena
Que amor de pequena
Amar é tão bom

O Dick
Ela tem
Um nariz levantado
Os olhos verdinhos
Bastante puxados
Cabelo castanho
E uma pinta
So lado
É a minha Tereza
Da praia

Se ela é tua
É minha também
O verão passou
Todo comigo
O inverno pergunta
Com quem
Então vamos
A Tereza
Na praia deixar
Aos beijos do sol
E abraços do mar
Tereza

É da praia
Não é de ninguém
Não pode ser tua
Nem minha também
Tereza
É da praia


(Tom Jobim / Billy Blanco)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Metade

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também.


(Ferreira Gullar)

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembra.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.


(Ferreira Gullar)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Um Sorriso

Quando
com minhas mãos de labareda
te acendo e em rosa
embaixo
te espetalas

quando
com o meu aceso archote e cego
penetro a noite de tua flor que exala
urina
e mel
que busco eu com toda essa assassina
fúria de macho?
que busco eu
em fogo
aqui embaixo?
senão colher com a repentina
mão do delírio
uma outra flor: a do sorriso
que no alto o teu rosto ilumina?


(Ferreira Gullar)

Aprendizado

Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.


(Ferreira Gullar)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Último soneto

Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!



Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!



O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.



Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!



(Álvares de Azevedo)

O lenço dela

Quando a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.



Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.



Quantos anos contudo já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...



Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!



(Álvares de Azevedo)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Meu anjo

Meu anjo tem o encanto, a maravilha,
Da espontânea canção dos passarinhos;
Tem os seios tão alvos, tão macios
Como o pêlo sedoso dos arminhos.



Triste de noite na janela a vejo
E de seus lábios o gemido escuto.
É leve a criatura vaporosa
Como a froixa fumaça de um charuto.



Parece até que sobre a fronte angélica
Um anjo lhe depôs coroa e nimbo...
Formosa a vejo assim entre meus sonhos
Mais bela no vapor do meu cachimbo.



como o vinho espanhol, um beijo dela
Entorna ao sangue a luz do paraíso.
Dá morte num desdém, num beijo vida,
E celestes desmaios num sorrizo!



Mas quis a minha sina que seu peito
Não batesse por mim nem um minuto,
E que ela fosse leviana e bela
Como a leve fumaça de um charuto!



(Álvares de Azevedo)

Meu desejo

Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta....



Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra....
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra....



Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.



Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!



Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....



Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de languor!



(Álvares de Azevedo)

domingo, 2 de novembro de 2008

É ela! É ela! É ela! É ela!

É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou - é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura -
A minha lavadeira na janela!
Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! de certo... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã de certo
Ela me enviará cheios de flores...
Tremi de febre!
Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! É ela! - repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! Era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas
Se achou-a assim mais bela - eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camizinhas!
É ela! É ela! meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou - é ela!



(Álvares de Azevedo)

Por que mentias?

Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
Sabe Deus se te amei! Sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!
Vê minha palidez- a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito!
Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?


(Álvares de Azevedo)

sábado, 1 de novembro de 2008

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


(Fernando Pessoa)

Fresta

Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.


(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.


(Manuel Bandeira)

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.


(Manuel Bandeira)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


(Manuel Bandeira)

Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna


Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)


Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.


(Manuel Bandeira)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O inútil luar

É noite. A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amarfanha...


No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada.
(Noite, consolo dos humanos!
Sombra sagrada!)


Um velho senta-se ao meu lado.
Medita. Há no seu rosto uma ânsia...
Talvez se lembre aqui, coitado!
De sua infância.


Ei-lo que saca de um papel...
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas...


Com outro moço que se cala,
Fala um de compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
— É de política.


Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela,


Outra a entretém, a conversar:
— "Mamãe não avisou se vinha.
Se ela vier, mando matar
Uma galinha."


E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...



(Manuel Bandeira)

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

- Eu faço versos como quem morre.


(Manuel Bandeira)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Balada de amor através das idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria do meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loira notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.



(Carlos Drummond de Andrade)

O chão é a cama

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.


(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Boca

Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.

Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.

Boca amarga pois impossível,
doce boca(não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade


(Carlos Drummond de Andrade)

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não
tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados
pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é
desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chega mos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi
vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável
O sofrimento é opcional.


(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 26 de outubro de 2008

Lira Romantiquinha

Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?

Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?

Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?

Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?

Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?

Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?

Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?



(Carlos Drummond de Andrade)

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.



(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 25 de outubro de 2008

Conselhos de um velho apaixonado

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta:
pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que
nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso e se o beijo for apaixonante,
e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa,
se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou um presente divino:O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro
por algum motivo e,em troca, receber um abraço, um sorriso,
um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma
rasteira
e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento,
chorar as suas Lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa
maravilhosa:
você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento,
sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma,
um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e,
assim, tiver a convicção que vai continuar louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo:
é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida,
mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais
deixam amor passar, sem deixa-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio.

Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: O AMOR !!


(Carlos Drummond de Andrade)

Não se mate

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor, no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.


(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A bem-amada na praia

Sua bundinha
Deixou na areia
A forma exata
De um coração!


(Mario Quintana)

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.



(Mario Quintana)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Canção para uma valsa lenta

Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…

Minha vida não foi um romance…
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso… de um gesto… um olhar…


(Mario Quintana)

Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!


(Mario Quintana)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…



(Mario Quintana)

As Estrelas

Foram-se abrindo aos poucos as estrelas ...
De margaridas lindo campo em flor!
Tão alto o Céu!. .. Pudesse eu ir colhê-Ias ...
Diria alguma se me tens amor.

Estrelas altas! Que se importam elas?
Tão longe estão ... Tão longe deste mundo ...
Trêmulo bando de distantes velas
Ancoradas no azul do céu profundo ...

Porém meu coração quase parava,
Lá foram voando as esperanças minhas
Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,

Deus a guie! do céu se despencou ...
Com certeza era o amor que tu me tinhas
Que repentinamente se acabou!


(Mario Quintana)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Viver

Quem nunca quis morrer
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar... Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar...
e voar...
cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!


(Mario Quintana)

Tenta me esquecer

Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar
Um fantasma... Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!


(Mario Quintana)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Triste

Todo dia ela acorda às seis
Toma seu banho e seu café
Ajeita o seu cabelo e sai a pé

Esperar o ônibus lotado
Quem sabe um anjo disfarçado
Esteja à sua espera, ela tem fé

Quem sabe um novo namorado
Esteja sentado ao seu lado
Quem sabe tudo pode acontecer

Se ele chegar do jeito certo
O rosto cada vez mais perto
Na mesma hora ela vai saber
Ela vai reconhecer

Triste, sozinha sem ninguém
Será que existe alguém
Alguém por quem um dia ela vá se
Apaixonar

Triste, mas ela insiste em procurar
Ela acredita que existe
E que o amor
Um dia vai chegar, ele vai chegar

Todo dia seus olhos vagueiam
Ela trabalha, eles passeiam
Mãos dadas com alguém especial

Que agora está em algum lugar
À sua espera, a sonhar
E sem saber que existe alguém
Igual

Que queira mais do que uma transa
Que já não seja mais criança
Que seja tudo o que ela sempre quis

Alguém que tenha confiança
Que não perdeu a esperança
E ainda acredita num final feliz.


(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Lolita

Ela
É só uma menina
Ainda
Ela é tão linda

Raio de luar
Na madrugada
Na noite prata
Ela é uma gata

E eu não sei bem
Por que
Ela me maltrata

E me provoca, não
Ela me mata
Do coração

E me deixa assim perplexo
Sem saber o que ela quer
E às vezes me parece que é só sexo
Mas se eu puder, eu faço
O que ela quiser

Ela
É tão bonita
Uma ninfeta
Uma lolita

Ela é bela
Ela
É uma estrela
De cinema e eu
Queria vê-la
Toda noite.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

domingo, 19 de outubro de 2008

Segredo

Eu pensei em te ligar
E dizer como eu estou
Mas tenho medo

Eu queria te falar
Declara o meu amor
Mas é segredo

E se alguém nos escutar
Nos ouvir pela extensão?
Eu tenho medo

De um escândalo rolar
Revelando essa paixão
Que ainda é segredo

Quando tudo começou
Não poderíamos supor
Que nós fôssemos chegar
A esse ponto, a esse amor

E que agora nos tomou
E transformou a nossa vida
E nos obriga a mentir assim

E a esconder de todo mundo
O que queríamos mostrar
E a viver dessa maneira
Procurando disfarçar
Tudo aquilo que sentimos
Mas fingimos que não há
Nada entre nós dois

Já não posso mais viver
Se não tenho paz e nem você
Quanto tempo ainda nós teremos que esperar?

Já não quero mais viver
Como se fosse um ladrão
Escondendo as evidências desse amor nessa canção.


(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Pra Dizer Que Eu Te Amo

Hoje eu sonhei com essa canção
Hoje eu sonhei com você
E foi tão real, foi um sonho bom
Que eu não consigo esquecer

Da tua presença, da tua beleza
Do teu jeito de me olhar
Da tua inocência, minha princesa
Onde é que você foi parar?

Pois sem você tudo é triste
E não existe amor
E sem amor não há nada
E sem você tudo fica sem razão de ser
Você precisa saber

Tem certas coisas que são
Difíceis de se dizer
E eu canto
E tudo nessa canção
É pra dizer
Que eu te amo tanto

O poder da música
É tão superior
A qualquer coisa que eu vá dizer
Pra falar de amor.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

sábado, 18 de outubro de 2008

Quando o inverno terminar

Quando o inverno terminar
A saudade, eu sei que vai passar
E eu volto pra ficar com o meu amor

Quando o inverno terminar
Pode ser que o sol volte a brilhar
Então vou te buscar seja onde for

Tanto tempo se passou
Mas o nosso amor ficou
Cada vez mais forte e mais bonito

Não foi fácil aprender
A viver sem ter você
Mas agora eu sei que foi preciso

Quando o inverno terminar
E a gente se encontrar
Não vou mais deixar você ficar longe de mim

Quando o inverno terminar
E a gente se abraçar
A felicidade vai voltar e essa tristeza vai ter fim.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Vai

Vai,
já não há motivos pra ficar agora
Pegue tudo que é seu e vá embora
Alguma coisa aconteceu, algo que havia se perdeu
Ou que um dia foi um grande amor
Me abrace mas não chore por favor
Melhor dizer adeus e não guardar rancor
Não vamos trocar resentimentos, melhor a gente dar um tempo
Tentar deixar pra trás o que passou

Vai,
e leve com você meu coração
Porque eu já não preciso dele não
Pois tudo que ele trouxe foi desilusão

Vai,
mas saiba que você não foi capaz
De amar a quem sempre te amou demais
E que jamais poderá te esquecer
Agora vai e vê se não olha pra trás
A vida é o que você faz
Que é melhor apenas que você
que suas costas bata a porta e se vá, ou ou ou

Agora vai e vê se não olha pra trás
A vida é o que você faz
E apesar de tudo terminar
Eu te amo e ainda acho que sempre vou te amar
Mesmo sem você eu vou tentar, recomeçar.


(Paulo Ricardo)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eclipse Total

Quatro da madrugada
Eu não consigo pensar em nada
A não ser na falta que você me faz
Novamente a saudade imensa
Novamente essa tua ausência
Teima, insiste em me fazer sofrer

A saudade está em tudo
A saudade permanece oculta
No fundo de cada pensamento meu
A saudade é a razão, na dor da sensação
Da perda que pesa em cada sentimento ateu

É Triste o final de uma paixão
Eclipse total do coração
É por isso que eu abraço essa saudade
Eu abraço a solidão

A saudade está nas gavetas
E nas fotografias e nas letras de músicas
Que eu ouço sem parar
A saudade é uma espécie de veneno
É o vício, é um tipo de água-ardente
Amarga, que me queima por dentro


Eu não posso mais ficar assim
Tanto tempo longe de você
E é por isso que eu estou aqui
Pra te dizer que eu quero que
Você volte pra mim

É Triste o final....



(Paulo Ricardo)

Viver um grande amor

Se você pretende viver um grande amor
Sou seu amigo, eu sou o seu cantor
Seu poeta amador, seu compositor
Do seu corpo o escultor
Seu surfista, seu mergulhador

Se você pretende viver um grande amor
Sou seu escravo, eu sou o seu senhor
Sou seu servo, seu objeto, disco voador
Sou seu sexo, seu incesto, seu filho, sou seu criador

Sou Adão, serpente, o transformador
Sou o eremita, o mago, e eu vago como um predador
Souo centro do seu prazer avassalador
Sou o que sempre quis ser, sendo apenas o seu trovador
Apenas um outro cantor

Se você pretende viver um grande amor
Sou João Gilberto, Roberto, eu sou seu tom
Sou seu blues etílicos, seu samba-canção
Sua bossa-nova, eu sou romântico de coração

Sou sua religião, seu guru, discípulo
Sou seu pai, sou seu irmão, te conheço de outra encarnação
Sou sua proteção, seu anjo da guarda
Sou a febre da paixão, o delírio de um sonhador
O início pra quem esperou viver um grande amor.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quando eu disser adeus

Chegou a hora do adeus
Nós já viramos essa página
Separe tudo que for seu
E deixe apenas nossas lágrimas
De repente eu me tornei
Um estranho pra você
Dói no meu coração
Dói no seu coração
Não há nada que vai nos prender

Vou apagar de vez
Cada passo teu
E eu só vou me curar quando eu disser adeus
Amanhã talvez
Longe em outro lugar
Tudo vai passar
Quando eu disser adeus

Quem sabe a vida vai mostrar
Os sonhos que nós dois perdemos
Daqui pra frente vou mudar
Viagens, riscos, outros planos
Guarde o melhor de mim
Que no meu peito eu vou te guardar
Vai ser melhor assim
Vai ser melhor pra mim
Um dia a gente vai se perdoar.

Vou apagar de vez
Cada passo teu
E eu só vou me curar quando eu disser adeus
Amanhã talvez
Longe em outro lugar
Tudo vai passar
Quando eu disser adeus.



(Marcus Menna)

Talvez

Talvez tenha sido um beijo e nada mais,
Mas eu fiquei assim
Talvez,
O teu perfume não me deixa em paz,
Você ficou em mim.

Porque eu só penso em você,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,atende que sou eu,
Me apaixonei
Talvez...

Diz pra mim,
Tudo aquilo que eu preciso ouvir da sua voz
Diz pra mim,
Que você também andou pensando em nós

Talvez,
Tenha sido um sonho e nada mais,
Mas eu fiquei assim.
Talvez,
O seu sorriso não me deixe em paz,
Você ficou em mim,

Porque eu só penso em vc,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,
Atende que sou eu,
Me apaixonei,
Talvez...


(Marcus Menna)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sem Radar

É só me recompor
Mas eu não sei quem sou
Me falta um pedaço teu
Preciso me achar
Mas em qualquer lugar estou
Rodando sem direção eu vou...

Morcego sem radar
Voando à procurar
Quem sabe um indício teu
Queimando toda fé
Seja o que Deus quiser
Eu sei!
Que amargo é o mundo sem você....

Você me entorpeceu
E desapareceu
Vou ficando sem ar
O mundo me esqueceu
Meu sol escureceu
Vou ficando sem ar
Esperando você voltar...

É só me recompor
Mas eu não sei quem sou
Me falta um pedaço teu
Queimando toda fé
Seja o que Deus quiser
Eu sei!
Que amargo é o mundo sem você...

Você me entorpeceu
E desapareceu
Vou ficando sem ar
O mundo me esqueceu
Meu sol escureceu
Vou ficando sem ar
Esperando você...

Escrevendo minha própria lei
Desesperadamente eu sei
Tentando aliviar
Tentando não chorar
Por mais que eu tente esquecer
Memórias vem me enlouquecer
Minha sentença é você...



(Marcus Menna)

Paz de espírito

Toda realeza em seu nobre altar
Assim de repente se afoga nas ondas do mar
Esse mesmo mar já não faz voltar
Tanta prepotência que o homem mantinha no olhar
Foi Deus quem quis assim
Cada folha no jardim
Foi teu filho quem te escolheu
Pra vida linda aqui
Tão linda aqui
Faça suas preces te levantar
Saiba que o universo agora te ouve falar
Deixa que a verdade aparecerá
Mesmo que as pessoas prefiram não acreditar
Que foi Deus quem quis assim
Pra tudo tem um fim
E nem percebeu
A vida triste aqui
Tão triste aqui

Dólar pra comprar
Paz de Espírito
Não se vende o paraíso.



(Marcus Menna / Sérgio Ferreira / Bicudo)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Outra Vez

Quem traiu mais uma vez os meus segredos
Quem me ajoelhou foi quem me fez chorar
Fez da minha alma o seu novo brinquedo
Atirando do milésimo andar

Mas seu eu pudesse ter de novo os meus sonhos
Eu saberia onde posso encontrar
A felicidade desse tamanho
Pra recomeçar outra vez
Tudo outra vez

Ensaiando o meu sorriso no espelho
Na esperança dele nunca me deixar
Procurei intensamente outros desejos
Anestesiando só para aliviar

Quantas vezes a escuridão da solidão doeu
Acompanhada pela angústia que
Nunca me esqueceu não.


(Marcus Menna / Vitinho / Morel / Zé Henrique / Marcelão)

Carla

Eu cheguei a deixar
Vestígios pra você me achar
Foi assim
Que entreguei meu coração devagar
Eu tentei te roubar
Aos poucos pra você notar
Que fui eu
Te guardei onde ninguém vai tirar

No fundo dos meus olhos
Pra dentro da memória te levei
Amor você me tentou
Oh! Carla

Eu te amei como jamais
Um outro alguém vai te amar
Antes que o sol pudesse acordar
Eu te amei
Oh! Carla



(Marcus Menna)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Apague a Luz

Ando tão cansado
Que já nem me canso
Tudo é ao contrário
Que nem aceito mais a sugestão
Ando tão esquisito
Que já nem me importo
Tudo é tão nocivo
Então deixa a chave em cima do portão

Porque me levantei
Não deu nem pra avisar
Que eu fui voar
Longe, longe, longe, longe daqui
Que eu fui voar
Que apague a luz então quem for sair
Ando tão calado
Que nem dou ouvidos
Ao teu papo enganado
Não quero esse discurso charlatão

Porque me levantei
Não deu nem pra avisar
Que eu foi voar
Longe, longe, longe, longe daqui
Sei que eu posso ser sempre perfeito
Sei que eu não posso pra sempre fugir
Mas nunca mentir.



(Marcus Menna)

Gente Feliz

Vivem sem dinheiro
Comem sempre o mesmo
Mas mesmo assim vou te falar
Que é dificil acreditar
Na esperança e na vontade de viver

Fazem de um sorriso
O bem que é preciso
E sempre assim vão te mostrar
Que o mundo é feito pra se amar
Porque ninguém parece entender

Ah!Ah! Gente feliz
Ah!Ah! Ainda são ainda são

Não tem uma família
Sofrem sem ajuda
E nem assim vão se entregar
A vida pode melhorar
Na esperança e na vontade de viver

Dormem pela rua
Só tem roupa suja
E mesmo assim você vai ver o que é difícil de entender
Porque ninguém parece se importar.


(Bicudo / Sergio Ferreira / Alessandro Barros / Morel / Vitor Queiroz / Marcus Menna)

domingo, 12 de outubro de 2008

Minha vida é você

Meu mundo parou
Meus olhos já não enxergam mais nada
Você arrancou
Meu coração e levou para casa
Com você,com você

E nem me avisou que era seu
Pro resto da vida
Mas tudo bem se for
Para viajar na mesma batida
Com você, com você

E se você quiser me levar eu vou
A minha vida agora é você
Em qualquer canto desse planeta, amor
A minha vida é você

E o resto que se exploda...


(Marcus Menna)

No Fim

Mais uma tarde que chega sem poder te ver
Nem sei se vale, as flores não vão me dizer
Tão longe e mesmo assim
Te espero bem aqui no fim

As casas passam e tudo muda de lugar
Eu tô voltando de novo só pra te encontrar
De perto e mesmo assim
Te quero só pra mim no fim

Pra gente entender que só assim
Eu volto de novo pra você
Se for pra ficar até o fim
Ou adeus

Guarde um sorriso daqueles quando eu chegar
Só preciso de um segundo pra te amar
De perto e mesmo assim
Te quero só pra mim no fim



(Marcus Menna)

sábado, 11 de outubro de 2008

Os 100 anos de Cartola

Um dos maiores sambistas da história do país, Angenor de Oliveira, o Cartola, completaria neste sábado (11) cem anos de vida. O blog "Curtas Poéticas" homenageia este, acima de tudo, grande poeta brasileiro. VIVA CARTOLA!


Começando com "Pranto de Poeta"



Em Mangueira
Quando morre
Um poeta
Todos choram

Vivo tranqüilo em Mangueira porque
Sei que alguém há de chorar quando eu morrer

Mas o pranto em Mangueira
É tão diferente
É um pranto sem lenço
Que alegra agente

Hei de ter um alguém pra chorar por mim
Através de um pandeiro ou de um tamborim.

As Rosas Não Falam

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.



(Cartola)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Não faz mal amor

Não faz mal amor,
Deixa-me dormir
Ó minha flor tenha dó de mim
Sonhei, acordei assustado,
Receioso que tivesse me enganado
Eu não vivo sossegado

Só tens ambição e vaidade
Não pensas em felicidade
E eu não descanso um momento
Por pensar que teu amor
É só fingimento
Mas eu vou entrar com meu jogo
Eu vou pôr à prova de fogo
A tua sincera amizade
Para ver se tu falaste a verdade

Amar sem penar é bem raro
O verbo cumprir custa caro
Amor é bem fácil achar
O que acho mais difícil
É saber amar

O mundo tem suas surpresas
Mas nós temos nossas defesas
Por isso eu estou prevenido
Pra saber se sou ou não traído.



(Cartola)

Soldado do Amor

Passei a noite inteira esperando
Ao tédio perguntando
Onde anda minha companheira
Nesta vigília triste, selei minha sorte
Se ela não voltar
Hei de preferir a morte
Não foi preciso o relógio despertar
Pois esta noite não dormi
Não fui me deitar
Como soldado do amor
Fiz sentinela
A aurora me pilhou
Esperando por ela.


(Cartola)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Não posso viver sem ela

Tive que contar a minha vida
A esta mulher fingida
Que me faz sofrer
Esta dor que tanto me crucía
Roubou toda a alegria
Do meu viver

Pode ser que ela ouvindo os meus ais
Volte ao lar pra viver em paz

Esta malvada bem sabe o mal que me fez
Mas não faz mal eu lhe perdôo outra vez
Meu coração vive reclamando noite e dia
Por isso eu peço que ela volte para a minha companhia.



(Cartola / Bide)

O Inverno do Meu Tempo

Surge a alvorada
folhas a voar
e o inverno do meu tempo começa
a brotar, a minar

E os sonhos do passado
no passado estão presentes,
e o amor que não envelhece jamais
eu tenho paz
e ela tem paz

Nossas vidas
muito sofridas
caminhos tortuosos
entre flores e espinhos demais

Já não sinto saudade
saudades de nada que vi
o inverno do tempo da vida
oh! Deus
eu me sinto feliz

Surge a alvorada
folhas a voar...


(Cartola / Roberto Nascimento)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como é que eu posso

Como é que eu posso,
Cozinhar sem banha,
Sem cebola e alho,
Sem vinagre e cheiro,
Como é que eu posso,
Ter bom paladar,
Sem você deixar,
A grana pros temperos.

Pois fique sabendo,
Que o feijão bichado,
E o arroz quebrado,
Que alguém lhe vendeu,
Já despejei tudinho no terreiro,
Veja bem o dinheiro,
Que você perdeu.

Ou você acaba com essa economia,
Ou então acaba-se nossa amizade,
Já reclamo isso quase todo dia,
Você me responde com simplicidade.

É que a cebola minha filha, está soberba,
O alho e o vinagre cada vez subindo mais,
Peça emprestado cada dia a uma vizinha,
Ou continua fazendo, sempre como você faz.


(Cartola)

Ao amanhecer

Ao amanhecer , ao anoitecer
Cantam em bando aves fazendo verão
Ouve-se os acordes de um violão
E são eles , verdes periquitos

Têm o peito forte tal qual o granito
E são lindas as suas cancões.
Quando a tarde vai morrendo,

Ai, meu Deus
O crepúsculo vem descendo

Reúne-se o bando na rua
E cheios de harmonia
Entoam uma melodia
Que faz dancar, a própria lua.



(Cartola)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Não quero mais

Não quero mais
Amar a ninguém
Não fui feliz
O destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor
Ainda em botão
Deixando espinhos
Que dilaceram meu coração
Semente de amor
Sei que sou desde nascença
Mas sem ter vida e fulgor
Eis minha sentença
Tentei pela primeira vez um sonho vibrar
Foi beijo que nasceu
E morreu sem se chegar a dar
Às vezes dou gargalhada
Ao lembrar do passado
Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado
Se julgas que estou mentindo jurar sou capaz
Foi simples sonho que passou e nada mais.



(Cartola / Carlos Cachaça / Zé da Zilda)

Desfigurado

Dizem que estou desfigurado, com razão
Estou cansado de pedir a Deus,
Aos céus enfim
Um amor, onde encontrarei, Senhor!
Livrai-me desta nostalgia
Confiante ainda espero o dia

Meu coração é pobre e magoado
É infeliz como um menor abandonado
Viveu sempre nesta ilusão
Procurando outro coração


(Cartola)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Nós Dois

Está chegando o momento
De irmos pro altar
Nós dois
Mas antes da cerimônia
Devemos pensar em depois
Terminam nossas aventuras

Chega de tanta procura
Nenhum de nós deve ter
Mais alguma ilusão
Devemos trocar idéias
E mudarmos de idéias
Nós dois
E se assim procedermos
Seremos felizes depois
Nada mais nos interessa
Sejamos indiferentes
Só nós dois, apenas dois,
Eternamente.



(Cartola)

Fiz por você o que pude

Todo o tempo que eu viver
Só me fascina você,
Mangueira
Guerreei na juventude
Fiz por você o que pude,
Mangueira
Continuam nossas lutas,
Podam-se os galhos, colhem-se as frutas
E, outra vez se semeia
Eno fim desse labor
Surge outro compositor
Com o mesmo sangue na veia.


(Cartola)

domingo, 5 de outubro de 2008

Divina Dama

Tudo acabado
E o baile encerrado
Atordoado fiquei
Eu dancei com você
Divina dama
Com o coração
Queimando em chama


Fiquei louco
Pasmado por completo
Quando me vi tão perto
De quem tenho amizade
Na febre da dança
Senti tamanha emoção
Devorar-me o coração
Divina dama


Quando eu vi
Que a festa estava encerrada
E não restava mais nada
De felicidade
Vinguei-me nas cordas
Da lira de um trovador
Condenando o teu amor
Tudo acabado



(Cartola)

Fita os Meus Olhos

Fita os meus olhos
Vê como eles falam
Vê como reparam o seu proceder
Não é preciso dizer deve compreender
Até mesmo notar só no meu olhar
Não abuses por eu te confessar
Que nascestes só para eu te amar
Gosto tanto tanto de você
Que os meus olhos falam o que não vê
Ainda há de chegar o dia
Que eu hei de ter tanta alegria
Quando você souber compreender
Num olhar o que eu quero dizer



(Cartola / Oswaldo Vasques)

sábado, 4 de outubro de 2008

Beijos

Beijos,
Ainda quero mais beijos teus

Beijos,
Para satisfazer os meus

Beijos,
Nem que sejam de falsidade

Beijos,
Melhor que se fossem de verdade.



(Cartola)

Sim

Sim,
Deve haver o perdão
Para mim
Senão nem sei qual será
O meu fim

Para ter uma companheira
Até promessas fiz
Consegui um grande amor
Mas eu não fui feliz
E com raiva para os céus
Os braços levantei
Blasfemei
Hoje todos são contra mim

Todos erram neste mundo
Não há exceção
Quando voltam a realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira.




(Cartola / Oswaldo Martins)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Canção de Saudade

Tudo de alegrias e de tristezas conheci,
Coisas do amor e do sofrer, eu já senti,
Nada me transforma a alegria de viver,
Ver a noite vir e sorrir, ao sol nascer,
Vivo esperando o novo dia,
Que irá trazer a luz, que sempre ficará.



(Cartola)

Autonomia

É impossível nesta primavera, eu sei
Impossível, pois longe estarei
Mas pensando em nosso amor, amor sincero
Ai! se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero
Escravizaram assim um pobre coração
É necessário a nova abolição
Pra trazer de volta a minha liberdade
Se eu pudesse gritaria, amor
Se eu pudesse brigaria, amor
Não vou, não quero.



(Cartola)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Minha

Minha
Quem disse que ela foi minha
Se fosse seria a rainha
Que sempre vinha
Aos sonhos meus

Minha
Ela não foi um só instante
como mentiam as cartomantes
como eram falsas as bolas de cristal

Minha
Repete agora esta cigana
Lembrando fatos envelhecidos
que já não ferem mais os meus ouvidos.



(Cartola)

Peito Vazio

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai.


(Cartola / Elton Medeiros)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quem me vê sorrindo

Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração

O que eu sofri por esse amor, talvez
Não compreendeste e se eu disser não crês
Depois de derramado, ainda soluçando
Tornei-me alegre, estou cantando

Quem me vê sorrindo...

Compreendi o erro de toda humanidade
Uns choram por prazer e outros com saudade
Jurei e a minha jura jamais eu quebrarei
Todo pranto esconderei.



(Cartola / Carlos Cachaça)

Alegria

Alegria,
Era o que faltava em mim,
Uma esperança vaga,
Eu já encontrei,
Pelos carinhos que me faz,
Me deixa em paz,
Não te quero ver,
Para nunca mais.

Eu sei,
Que teus beijos e abraços,
Tudo isso não passa,
De pura hipocrisia,
Já que tu não és sincera,
Eu vou te abandonar,
Um dia.


(Cartola)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Disfarça e chora

Chora, disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora
A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra
Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto
Disfarça e chora.


(Cartola / Dalmo Castelo)

Tive, sim

Tive, sim
Outro grande amor antes do teu
Tive, sim
O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim
Íamos vivendo em paz
Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria
Eu vivia tão contente
Como contente ao teu lado estou
Tive, sim
Mas comparar com o teu amor seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar.



(Cartola)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Corra e olhe o céu

Linda!
Te sinto mais bela
E fico na espera
Me sinto tão só
Mas!
O tempo que passa
Em dor maior
Bem maior...

Linda!
No que se apresenta
O triste se ausenta
Fez-se a alegria
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia
Aaai!
Corra e olhe o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia...



(Cartola / Dalmo Castelo)

O mundo é um moinho

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões à pó

Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés



(Cartola)

domingo, 28 de setembro de 2008

A cor da esperança

Amanhã,
A tristeza vai transformar-se em alegria,
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.


E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim, novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.


(Cartola / Roberto Nascimento)

Acontece

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.



(Cartola)

sábado, 27 de setembro de 2008

O Sol Nascerá

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Fim da tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar


(Cartola / Elton Menezes)

Alvorada

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida.



(Cartola)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Renascença

Quis sim mergulhar
Mil vezes nesse mar
Fui te procurar
A rua inteira

Mil gols outros mais
Fiz assim como um milagre
Luz do seu olhar
E vela acesa

Servi em humildade
Mil e uma utilidades
Corpo de escravo
Pé da mesa

Supri necessidades
Sumi desnecessário
Sujo e covarde
Seu brinquedo

Ri seu tenso lábio
Ri assim com medo

frágil
Tudo é verdade
Pra vista alheia

Vida eternidade
Fim mortalidade
Sonho acordado
Renascença

Mas isso acabou
Vou te matar
De amor


(Samuel Rosa / Nando Reis)

Assim Sem Fim

Não finja um beijo que
Já não é mais seu
Nem diga que esse chão
Da casa, não é mais meu

Se tem algo a dizer
Que devolva em goles sãos
Qual é o tempo dessa solidão?
Aonde é o centro desse furacão?

Vestida de brisa assim
Sob meus olhos de Zeus
Que te acompanham então
Na casa, que adormeceu

Nem tem tanto a dizer
Mas trago ouvidos e pão
Na velocidade de amores vãos
Aonde termina nossa solidão

Se prepare para o que for
No raso do coração
O que ainda é meu
Não me devolva não

Sorte assim sem fim
Porque ninguém percebeu
As marcas de dentes
Aonde você mordeu
Me tem tanto a dizer
Que o tempo eu conto assim
Pra gente comer sentados no chão
Aonde termina esse furacão.



(Samuel Rosa / César Maurício)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sutilmente

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.



(Samuel Rosa / Nando Reis)

Escravo

Eu moro no palácio
E cuido de suas flores
Não é ofício fácil
Como pensam os senhores

Eu lavo as costas dela
Com ervas aromáticas
Se ela é tão bela
Deve um pouco às minhas práticas

Já fui um tuareg
Cruzei sete desertos
A noite azul me segue
Com seus olhos bem abertos

Não tenho mais visões
Exceto quando fumo
Às vezes nos salões
Certas misturas que arrumo

Já disse o velho Dylan
You gotta serve somebody
Eu sirvo às leis do islã
Pra que o amor de Alá vigore

Só tenho confiança
Na bela soberana
A minha morte dança
Quando passa a caravana

Sou escravo dela
Isso é o que eu sei
Seu desejo é sempre minha lei
Minha sorte, meu céu e meu norte.



(Samuel Rosa / Chico Amaral)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Noites de um verão qualquer

Noites de um verão qualquer
Eu me sufoco nesse ar
O corpo venta em preto
O chão devora o espaço ocular

Noites de um verão qualquer
Deixa que ela entenda o traço
Que invente a fuga por nós dois
Que sou seus pés, eu sou também seus braços

Noites de um verão qualquer
Dentro da febre desse abraço
Satélite voltou do céu
Eu sou o resto, sou também o aço

Noites de um verão qualquer
Sob sua pele encontrei abrigo
Pra gente se devorar
Na órbita do seu umbigo

Seguem infinitos metros
Pra perto desse abraço
Eu tento respirar
Desdar o nó que aperta esse laço.



(Samuel Rosa / César Maurício)

Chão

Chão que desliza
Noite de ilusões à deriva
Groove, hey negrita
Teu prazer me cai na saliva

Céu que convida
Onde o som bater eu me encaixo
Groove na medida
Eu te espero em cima ou embaixo

Dentro da noite do mundo
Vamos brindar à solidão
E acordar nas tábuas desse chão

Não, não vacila
Vem aqui mostrar sua arte
Groove na medida
Teu prazer é o meu estandarte

Dentro da noite do mundo
Vamos brindar à solidão
E acordar nas tábuas desse chão.



(Samuel Rosa / Chico Amaral)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ainda gosto dela

Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei

Vou ficar?
Quanto tempo vou esperar?
E eu não sei o que vou fazer, não

Nem precisei revelar
Sua foto não tirei
Como tirei pra dançar
Alguém que avistei

Tempo atrás
Esse tempo está lá trás
E eu não tenho mais o que fazer, não

Eu ainda gosto dela
Mas, ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz
E eu ainda penso nela
Mas, ela já não pensa mais em mim, em mim, não

Ainda vejo o luar
Refletido na areia
Aqui na frente desse mar
Sua boca eu beijei

Quis ficar
Só com ela eu quis ficar
E agora ela me deixou.



(Samuel Rosa / Nando Reis)

Pára-Raio

Passa o tempo, lento ensaio
Espero você aqui
Paro dentro, entro e saio
Falta você aqui

Calo invento, quieto falo
Trago você aqui
Lato intenso em detalhes
Quero você aqui

Abro e vejo da janela
Fogos de artifício
Estrelas em mosaico
Vidro opaco a luzir

Vasto imenso, feito em partes
Fácil para construir
Rasgo ao meio em metades
Acho você dentro de mim

Seu brinquedo imaginário
Feito pra te distrair
Paro dentro, entro e saio
Falta você aqui

Noite inteira, fim de tarde
Meu calendário marca o infinito
Em trincheiras que escavo
Acho você dentro de mim

Assim como o sal feito no mar
Azul como o céu e a imensidão
Que enche o pulmão de pleno ar
Achei seu lugar meu.



(Samuel Rosa / Nando Reis)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cecilia

O céu testemunhou
Cecilia aquela flor
Não murcha, parece que se apetece
Esta cada vez maior cá em mim .

Fincou me uma raiz
brotou feito um jardim
e na madrugada acordo afobado por todo lado teu cheiro esta

Ai me recorda,
aquela história da gente dançar como um par
O mesmo baile, eu no mesmo traje e teu vestido insiste em rodar
Juras e beijos, abraços, um regaco escondido pra noite durar
O teu sorriso, cabelo comprido, um adorno com a flor no lugar
Aquela rosa, ah, bendita rosa !
Você prometeu vir buscar

Contorço no colchão
Confronto a solidão
e volto a dormir pedindo de mim que enfim possa te apagar, Cecilia



(Diogo Andrade / Tibério)

Carnaval

Tem muita alegria no salão
E tristeza não cabe.
O que eu faço pra acabar com a ressaca,
Que nunca passa.

Tem fantasia, tem beijo escondido,
Tem homem traído, esposa chorando.
Mulher feia que fica bonita,
Depois da quinta.

A esperança dói mais que a ilusão,
De ter você aqui nos braços meus.
Tem festa, tem riso, tem coxa de fora,
Tem eu, panela de pressão.
Tem o meu amor dando bola pra todo mundo,
Tem eu, panela de pressão.

Tinha você acordando do meu lado,
Tinha o passado acordando de manhã.


(Luiz Marcelo Bezerra)

domingo, 21 de setembro de 2008

Deita Aqui

Deita aqui
Eu arrumei a cama pra nós dois
Esquece tua mala aí, aqui
Deita, deita aqui

Vamo ouvir
No rádio alguém cantando o que há de rir
Nos braços da mulher é bem melhor
Vai dormir mais feliz

Meu amor
O dia nasce escolhe outro alguém
Do peito um homem pode apodrecer
Se fingir que não vem

Deita aqui


(Tibério)

Animal

Negue
Se quiser
Não precisa falar
Pois o assunto é sério
E a carne mansa
Para aguentar

Por que você me enganou?
Se eu te ofereci tanto? (quanto, quanto)
Se eu me ofereci todo (oferecido)
Não minta mais
Pois só aguda o meu sofrer
Só aguda o meu penar

Pouco importa minha honra?
Vale mais meu coração
Que já não sabe descansar
Precisa se defender

Hoje eu vou dançar com a primeira que aparecer
Não vou me envolver
Só vou me animar

Animal

Se, por ventura, me vir
Não venha me desconhecer
Por anos dividimos a mesma cama
Planejamos os pequenos que nunca vieram

Sou o mesmo rapaz de cabeleiras longas
Sou o mesmo rapaz de cabeleiras longas

Hoje eu vou dançar com a primeira que me cativar
Não vou me envolver
Só vou me animar

Animal

Se, por ventura, me vir
Não me venha desconsiderar
Por anos confessamos os nossos pecados
Planejamos corrigi-los mas nunca fizemos

És a mesma mulher?
Ou nunca fosse a mulher que digo que és?
És a mesma mulher?
Ou nunca fosse a mulher que digo que és?


(Castor Luiz)

sábado, 20 de setembro de 2008

Distantes Demais

Somos Somente a fotografia.
Dois navegantes perdidos no cais
Distantes demais
Somos instantes, palavras, poesia
Dois delirantes ficando reais
Distantes demais
Noites de sol, loucos de amar,
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você, sem perceber,
Fomos ficando iguais,
Longe,
Distantes demais.


(Lenine/Dudu Falcão)

Meu amanhã

Ela é minha delicia
O meu adorno
Janela de retorno
Uma viagem sideral

Ela é minha festa
Meu requinte
A única ouvinte
Da minha radio nacional

Ela é minha sina
O meu cinema
A tela da minha cena
A cerca do meu quintal

Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã...

Ela é minha orgia
Meu quitute
Insaciável apetite
Numa ceia de natal

Ela é minha bela
Meu brinquedo
Minha certeza, meu medo
É meu céu e meu mal

Ela é o meu vício
E dependência
Incansável paciência
E o desfecho final

Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã...

Meu fá, minha fã
A massa e a maçã
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu lá, minha lã
Minha paga, minha pagã
Meu velar, meu avelã
Amor em Roma, aroma de romã

O sal e o são
O que é certo, o que é sertão
Meu Tao, e meu tão...
Nau de Nassau, minha nação.


(Lenine)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dois olhos negros

Queria ter coragem de saber
O que me prende?
O que me paralisa?
Serão dois olhos
Negros como os teus
Que me farão cruzar a divisa...

É como se eu fosse pr'um Vietnã
Lutar por algo que não será meu
A curiosidade de saber
Quem é você?...

Dois olhos negros!
Dois olhos negros!...

Queria ter coragem de te falar
Mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio
Um pobre coração em chamas...

É como se eu fosse um colegial
Diante da equação
O quadro, o giz
A curiosidade do aprendiz
Diante de você...

Dois olhos negros!
Dois olhos negros!...

O ocultismo, o vampirismo
O voodoo
O ritual, a dança da chuva
A ponta do alfinete, o corpo nú
Os vários olhos da Medusa...

É como se estivéssemos ali
Durante os séculos fazendo amor
É como se a vida terminasse ali
No fim do corredor...


(Lenine)

É o que me interessa

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio
Acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa


(Lenine)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O último pôr-do-sol

A onda ainda quebra na praia,
Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando nós dois.

Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois

Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas

Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
O último homem no dia em que o sol morreu



(Lenine)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Paciência

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...


(Lenine / Dudu Falcão)

Eu não quero brigar mais não

Eu amo o cheiro do seu cabelo,
Eu amo o nosso amor
Assim sem dor-de-cotovelo.
Vamos pra bem longe daqui,
O vira-lata e a gata
Meu bem, pode levar o novelo.

O nosso amor não é só
De pele e de pêlo,
Se quiser ter um neném
Tudo bem, vamos tê-lo.
O nosso amor
Vai da água pro vinho,
Às vezes é feito baixinho
Às vezes acorda o vizinho
Penso em você e o meu
Coração se aquece,
Penso em nós dois e as
Peripécias da espécie

Esquece a nossa última briga
Lembra o primeiro beijo
E ouça essa cantiga

Eu não quero brigar mais não
Eu quero você toda pra mim
Vou começar pedindo a tua mão
Você é aquela que o meu coração habita
Única e favorita,
Estrela da minha vida
e da minha escrita
Eu vivo sorrindo de orelha à orelha
Você com a pele bonita
Que fica sempre vermelha,
Quando eu te amo,
De forma infinita.
Somos Bambam e Pedrita

Eu não quero brigar mais não
Eu quero você toda pra mim
Vou começar pedindo a tua mão
Eu quero uma mulher normal do povo,
Não quero uma mulher global de novo
Quero uma mulher que me ame
no Natal e no Ano Novo
Amor do caviar, do pão com ovo
Namoro num fusquinha ou num porto



(Frejat)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!



(Cecília Meireles)

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.



(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.


(Carlos Drummond de Andrade)

Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.



(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 14 de setembro de 2008

MSN

Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN’s. Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor, saudades, empolgação traduzidas através do nick.

O espaço ‘nome’ foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo. Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que ‘Vendo Abadá do Chiclete e Ivete’ é na verdade Tiago Carvalho, ou ‘Ainda te amo Pedro Henrique’ é o MSN de Marcela Cordeiro. Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito e perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa…

‘A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!’ acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick ‘O fim de semana promete’. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.

O pior é que você conhece o casal e está no meio desse ‘tiroteio’, já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick ‘Hoje tem mais balada!’, tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.

Polly em NY’ acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda ‘Eu em Nova York’. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?

‘Quando Deus te desenhou ele tava namorando’ acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como ‘Diga que valeuuu’ ou ‘O Asa Arreia’ na época do carnaval. (huahauah pagode)

Por que a vida faz isso comigo?’ acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bund.a e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.

‘ Maria Paula ocupada prá c** ‘ acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.

‘Paulão, quero você acima de tudo’ acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).

‘Marizinha no banho’ acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para ‘Marizinha bebendo água’. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick ‘Marizinha matriculando o moleque na natação’.

‘ < . ººº< . ººº< / @ || e $ $ ! || |-| @ >ªªª . >ªªª >’ acabou de entrar. Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer ‘q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX’.

‘Galinha que persegue pato morre afogada’ acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.

‘VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP’ acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.

‘Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro…’ acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem namorar e está doida prá arrumar alguém. …

‘Danny Bananinha’ acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão. Adora se comparar a celebridades famosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.

Bom é isso, se quiserem escrever

alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções ‘digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam’ ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!!

Vamos facilitar!!!!



(Arnaldo Jabor)

Sobre o Amor e o Medo

Perdoa-me,
minha pequena flor,
mas é hora de partir:

vieste à vida
só para me encontrar
e até de ti eu me escondi.

(precisas de um
delicado cuidado

que meus olhos cansados
não podem mais servir...)

É chegada a hora,
minha pequena flor:

abre as tuas pétalas
e recebe nelas

antes a minha saudade
que este meu tolo amor.



(Filipe Couto)

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sábado, 13 de setembro de 2008

Sobre Angústias

Será que Deus
vai um dia me redimir

de todos os pecados
que eu nunca cometi?



(Filipe Couto)

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Sobre Vícios

Não há nada
mais triste nessa vida

do que uma memória
dependente de fotografias.


(Filipe Couto)


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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Sobre Beijos

A gente beija
de olhos fechados

porque no escuro
tanto faz o mundo:

(só sobra
o que é de dentro).

E quando
o que é de dentro
é assim tanto, meu amor,

é preciso (de imediato)
partir em busca
dos teus lábios

(sem nenhum pudor).


(Filipe Couto)


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Sobre Limites

Não me dês o céu,

que o céu é limite
de tudo que existe.

E a vida
(ah, a vida...)
a vida é muito mais querida

quando
sonhadoramente

desmedida.


(Filipe Couto)



http://asoutraspalavras.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mais Tarde

Pode ser até do corpo se entregar mais tarde
Parece simples mas a gente às vezes é
E o amor é lindo deixo
Tudo que quiser eu não me queixo em ser
Acho normal ver a vida feito faz o mar num grão de areia

É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber
É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber e ver
Que o vai e vem pode ser eterno
Pra ver quem manda
Acho que não vai dar tô cansado demais
Vou ver a vida a pé
Acho normal tá no mundo feito faz o mar num grão de areia



(Marcelo Camelo)

Téo e a Gaivota

É de imaginar bobagem
quando a gente liga na televisão.
Toda dor repousa na vontade,
todo amor encontra sempre a solidão

Todos os encontros todos os poemas
manda me avisar

Todos os embates todos os dilemas
manda me avisar,
manda me avisar eu sei.
Todo ser humano
pode ser um anjo.


(Marcelo Camelo)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Copacabana

Sinto copacabana por perto é o vento do mar
Será que a gente chega
Eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer mulher
Mesmo pra quem só carece de ver a viagem todo caminho que fazem
Todo destino padece aqui
Você precisa ver como fica no carnaval
O bairro do peixoto é um barato
E os velhinhos são bons de papo

Sinto copacabana por perto é o vento do mar
Será que a gente chega
Eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer mulher
Mesmo quando eu levo a vida de um astronauta eu sei quanto tempo que falta
Olha que o túnel está quase ali
Segura que a minha alegria não quer parar
O shopping da siqueira é um colosso
E as gordinhas um alvoroço



(Marcelo Camelo)

Menina Bordada

Menina bonita bordada de flor
Eu vi primeiro
Todo encanto dessa moça

Vai ver era só
Dizer a ela assim
Moça por favor
Cuida bem de mim



(Marcelo Camelo)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Controle Remoto

Eu queria te falar de paz, de amor
De filosofia
De cinema, de pintura, de música
E de poesia
Eu queria te abraçar e te proteger
De todo o mal
Reescrever a história e as notícias
Do jornal

Fazer um photoshop na realidade
Deletar toda miséria e a maldade
Mas a verdade é
Que não há como fugir

Temos que aprender a ser fortes, meu amor
Fortes
E a lidar com as coisas da vida
E da morte

Se eu pudesse mudaria o mundo
Na televisão
Com um toque no controle remoto
Aqui na minha mão
Tanta morte, tanto crime nesse mundo
Desigual
Se eu pudesse acabaria com as guerras
Ao trocar de canal

Mas a verdade é
Que não há como fugir


(Frejat)

O que mais me encanta

O que mais me encanta... em você,
É a tua capacidade de me enlouquecer;
A tua sensualidade ardente,
Teus dentes separados na frente;
Teu sorriso esperto de quem muito já sofreu,
Tua inteligência moleque, de pernas tortas,
Teu delírio otimista à beira da sorte;
Teu rosto infantil,
Teus traços fortes;

O que mais me encanta... em você,
É o teu peito, num vestidinho colado,
A tua sensualidade ardente
Teus dentes separados na frente
Teu sorriso esperto de quem muito já sofreu
O poder eletrizante que o teu sim
Exerce na besta-fera dentro de mim
A possibilidade de um mundo pequeno
Conter uma enorme galáxia
E ter me transformando em alguém mais perto
Do que eu idealizo ser.

O que mais me encanta em você
É a tua capacidade de me enlouquecer
O que mais me encanta em você
É a tua capacidade de me enlouquecer.


(Frejat)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mais que perfeito

Seu rosto olhando pra mim
não tem nenhum defeito
seu gingado vindo pra mim
já tá fazendo efeito

Preciso de você agora
um dia a mais não daria
tirei a roupa na hora
pensando no que a gente faria

Eu te amo assim do teu jeito
nosso tempo é mais que perfeito

Eu vou falar no teu ouvido
pra te tirar do sério
você morde a minha boca
você já sabe o que eu quero

Preciso de você agora
um dia a mais não daria
tirei a roupa na hora
pensando no que a gente faria

Quando você fala
me deixa encantado
quando você me olha
me deixa tarado

Eu te amo assim do teu jeito
nosso tempo é mais que perfeito.



(Frejat / George Israel / Mauro Sta. Cecilia)

Quando o amor era medo

No fim do túnel tudo escuro
Ela me procurando com o olhar
Mas as flores não chegaram
Quando deveriam chegar

A tarde quer mais que um susto
A noite me pega no contrapé
Seu beijo acelerando o meu pulso
Amanhã só faço o que eu quiser

Quando o amor era medo
Eu achava melhor acordar sozinho
Quando o amor era medo
A vida era andar por entre espinhos

Todo doente pede uma enfermeira
Com peitos grandes e amor pra dar
Nem toda sombra vem da palmeira
Nem toda água desagua no mar

As vezes você se comporta
Como se não estivesse a fim
As vezes você se comporta
Não sei o que você espera de mim.



(Frejat/Rodrigo Santos/Mauro Sta. Cecilia)

domingo, 7 de setembro de 2008

Num Corpo Só

Eu tentei mas não deu pra ficar
Sem você enjoei de tentar
Me cansei de querer encontrar
Um amor pra assumir seu lugar


É muito pouco,
Venha alegrar o meu mundo que anda vazio.
Me deixa louca,
É só beijar tua boca que eu me arrepio
Arrepio, arrepio.

E o pior
É que você não sabe que eu
Sempre te amei
Pra falar a verdade eu também
Nem sei
Quantas vezes eu sonhei juntar
Teu corpo, meu corpo
Num corpo só

Vem
Se tiver acompanhado esquece,vem
Se tiver hora marcada esquece, vem
Vem
Venha ver a madrugada e o sol que vem
Que uma noite não é nada, meu bem



(Picolé / Arlindo Cruz)

Corpitcho

Juro que tentei mudar
Para algum lugar longe daqui
Pra Quixeramobim, Paraty, Paquetá
Niquiti, Guarujá, Magé, Jericoacoara

Mas eu resolvi voltar
Não adiantou nada fugir
O mundo é que mudou
O mal globalizou
O bicho tá pegando

E é a guerra das desigualdades
A humanidade lavando a roupa
Oportunidade não cruza o Rebouças
É muito louca a vida por aqui
Fim de semana eu viro batuqueira
Pego o meu pandeiro
Vou pra Madureira
pro meu glorioso Império Serrano
Que vai ganhar e subir esse ano

Pra manter esse corpitcho bacana
Acho até que vou virar marombeira
Corro o calçadão de Copacabana
De segunda a sexta-feira


(Ronaldo Barcellos / Picolé)