sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.


(Manuel Bandeira)

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.


(Manuel Bandeira)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


(Manuel Bandeira)

Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna


Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)


Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.


(Manuel Bandeira)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O inútil luar

É noite. A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amarfanha...


No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada.
(Noite, consolo dos humanos!
Sombra sagrada!)


Um velho senta-se ao meu lado.
Medita. Há no seu rosto uma ânsia...
Talvez se lembre aqui, coitado!
De sua infância.


Ei-lo que saca de um papel...
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas...


Com outro moço que se cala,
Fala um de compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
— É de política.


Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela,


Outra a entretém, a conversar:
— "Mamãe não avisou se vinha.
Se ela vier, mando matar
Uma galinha."


E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...



(Manuel Bandeira)

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

- Eu faço versos como quem morre.


(Manuel Bandeira)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Balada de amor através das idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria do meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loira notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.



(Carlos Drummond de Andrade)

O chão é a cama

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.


(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Boca

Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.

Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.

Boca amarga pois impossível,
doce boca(não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade


(Carlos Drummond de Andrade)

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não
tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados
pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é
desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chega mos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi
vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável
O sofrimento é opcional.


(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 26 de outubro de 2008

Lira Romantiquinha

Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?

Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?

Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?

Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?

Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?

Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?

Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?



(Carlos Drummond de Andrade)

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.



(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 25 de outubro de 2008

Conselhos de um velho apaixonado

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta:
pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que
nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso e se o beijo for apaixonante,
e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa,
se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou um presente divino:O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro
por algum motivo e,em troca, receber um abraço, um sorriso,
um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma
rasteira
e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento,
chorar as suas Lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa
maravilhosa:
você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento,
sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma,
um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e,
assim, tiver a convicção que vai continuar louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo:
é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida,
mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais
deixam amor passar, sem deixa-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio.

Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: O AMOR !!


(Carlos Drummond de Andrade)

Não se mate

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor, no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.


(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A bem-amada na praia

Sua bundinha
Deixou na areia
A forma exata
De um coração!


(Mario Quintana)

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.



(Mario Quintana)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Canção para uma valsa lenta

Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…

Minha vida não foi um romance…
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso… de um gesto… um olhar…


(Mario Quintana)

Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!


(Mario Quintana)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…



(Mario Quintana)

As Estrelas

Foram-se abrindo aos poucos as estrelas ...
De margaridas lindo campo em flor!
Tão alto o Céu!. .. Pudesse eu ir colhê-Ias ...
Diria alguma se me tens amor.

Estrelas altas! Que se importam elas?
Tão longe estão ... Tão longe deste mundo ...
Trêmulo bando de distantes velas
Ancoradas no azul do céu profundo ...

Porém meu coração quase parava,
Lá foram voando as esperanças minhas
Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,

Deus a guie! do céu se despencou ...
Com certeza era o amor que tu me tinhas
Que repentinamente se acabou!


(Mario Quintana)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Viver

Quem nunca quis morrer
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar... Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar...
e voar...
cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!


(Mario Quintana)

Tenta me esquecer

Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar
Um fantasma... Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!


(Mario Quintana)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Triste

Todo dia ela acorda às seis
Toma seu banho e seu café
Ajeita o seu cabelo e sai a pé

Esperar o ônibus lotado
Quem sabe um anjo disfarçado
Esteja à sua espera, ela tem fé

Quem sabe um novo namorado
Esteja sentado ao seu lado
Quem sabe tudo pode acontecer

Se ele chegar do jeito certo
O rosto cada vez mais perto
Na mesma hora ela vai saber
Ela vai reconhecer

Triste, sozinha sem ninguém
Será que existe alguém
Alguém por quem um dia ela vá se
Apaixonar

Triste, mas ela insiste em procurar
Ela acredita que existe
E que o amor
Um dia vai chegar, ele vai chegar

Todo dia seus olhos vagueiam
Ela trabalha, eles passeiam
Mãos dadas com alguém especial

Que agora está em algum lugar
À sua espera, a sonhar
E sem saber que existe alguém
Igual

Que queira mais do que uma transa
Que já não seja mais criança
Que seja tudo o que ela sempre quis

Alguém que tenha confiança
Que não perdeu a esperança
E ainda acredita num final feliz.


(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Lolita

Ela
É só uma menina
Ainda
Ela é tão linda

Raio de luar
Na madrugada
Na noite prata
Ela é uma gata

E eu não sei bem
Por que
Ela me maltrata

E me provoca, não
Ela me mata
Do coração

E me deixa assim perplexo
Sem saber o que ela quer
E às vezes me parece que é só sexo
Mas se eu puder, eu faço
O que ela quiser

Ela
É tão bonita
Uma ninfeta
Uma lolita

Ela é bela
Ela
É uma estrela
De cinema e eu
Queria vê-la
Toda noite.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

domingo, 19 de outubro de 2008

Segredo

Eu pensei em te ligar
E dizer como eu estou
Mas tenho medo

Eu queria te falar
Declara o meu amor
Mas é segredo

E se alguém nos escutar
Nos ouvir pela extensão?
Eu tenho medo

De um escândalo rolar
Revelando essa paixão
Que ainda é segredo

Quando tudo começou
Não poderíamos supor
Que nós fôssemos chegar
A esse ponto, a esse amor

E que agora nos tomou
E transformou a nossa vida
E nos obriga a mentir assim

E a esconder de todo mundo
O que queríamos mostrar
E a viver dessa maneira
Procurando disfarçar
Tudo aquilo que sentimos
Mas fingimos que não há
Nada entre nós dois

Já não posso mais viver
Se não tenho paz e nem você
Quanto tempo ainda nós teremos que esperar?

Já não quero mais viver
Como se fosse um ladrão
Escondendo as evidências desse amor nessa canção.


(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Pra Dizer Que Eu Te Amo

Hoje eu sonhei com essa canção
Hoje eu sonhei com você
E foi tão real, foi um sonho bom
Que eu não consigo esquecer

Da tua presença, da tua beleza
Do teu jeito de me olhar
Da tua inocência, minha princesa
Onde é que você foi parar?

Pois sem você tudo é triste
E não existe amor
E sem amor não há nada
E sem você tudo fica sem razão de ser
Você precisa saber

Tem certas coisas que são
Difíceis de se dizer
E eu canto
E tudo nessa canção
É pra dizer
Que eu te amo tanto

O poder da música
É tão superior
A qualquer coisa que eu vá dizer
Pra falar de amor.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

sábado, 18 de outubro de 2008

Quando o inverno terminar

Quando o inverno terminar
A saudade, eu sei que vai passar
E eu volto pra ficar com o meu amor

Quando o inverno terminar
Pode ser que o sol volte a brilhar
Então vou te buscar seja onde for

Tanto tempo se passou
Mas o nosso amor ficou
Cada vez mais forte e mais bonito

Não foi fácil aprender
A viver sem ter você
Mas agora eu sei que foi preciso

Quando o inverno terminar
E a gente se encontrar
Não vou mais deixar você ficar longe de mim

Quando o inverno terminar
E a gente se abraçar
A felicidade vai voltar e essa tristeza vai ter fim.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

Vai

Vai,
já não há motivos pra ficar agora
Pegue tudo que é seu e vá embora
Alguma coisa aconteceu, algo que havia se perdeu
Ou que um dia foi um grande amor
Me abrace mas não chore por favor
Melhor dizer adeus e não guardar rancor
Não vamos trocar resentimentos, melhor a gente dar um tempo
Tentar deixar pra trás o que passou

Vai,
e leve com você meu coração
Porque eu já não preciso dele não
Pois tudo que ele trouxe foi desilusão

Vai,
mas saiba que você não foi capaz
De amar a quem sempre te amou demais
E que jamais poderá te esquecer
Agora vai e vê se não olha pra trás
A vida é o que você faz
Que é melhor apenas que você
que suas costas bata a porta e se vá, ou ou ou

Agora vai e vê se não olha pra trás
A vida é o que você faz
E apesar de tudo terminar
Eu te amo e ainda acho que sempre vou te amar
Mesmo sem você eu vou tentar, recomeçar.


(Paulo Ricardo)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eclipse Total

Quatro da madrugada
Eu não consigo pensar em nada
A não ser na falta que você me faz
Novamente a saudade imensa
Novamente essa tua ausência
Teima, insiste em me fazer sofrer

A saudade está em tudo
A saudade permanece oculta
No fundo de cada pensamento meu
A saudade é a razão, na dor da sensação
Da perda que pesa em cada sentimento ateu

É Triste o final de uma paixão
Eclipse total do coração
É por isso que eu abraço essa saudade
Eu abraço a solidão

A saudade está nas gavetas
E nas fotografias e nas letras de músicas
Que eu ouço sem parar
A saudade é uma espécie de veneno
É o vício, é um tipo de água-ardente
Amarga, que me queima por dentro


Eu não posso mais ficar assim
Tanto tempo longe de você
E é por isso que eu estou aqui
Pra te dizer que eu quero que
Você volte pra mim

É Triste o final....



(Paulo Ricardo)

Viver um grande amor

Se você pretende viver um grande amor
Sou seu amigo, eu sou o seu cantor
Seu poeta amador, seu compositor
Do seu corpo o escultor
Seu surfista, seu mergulhador

Se você pretende viver um grande amor
Sou seu escravo, eu sou o seu senhor
Sou seu servo, seu objeto, disco voador
Sou seu sexo, seu incesto, seu filho, sou seu criador

Sou Adão, serpente, o transformador
Sou o eremita, o mago, e eu vago como um predador
Souo centro do seu prazer avassalador
Sou o que sempre quis ser, sendo apenas o seu trovador
Apenas um outro cantor

Se você pretende viver um grande amor
Sou João Gilberto, Roberto, eu sou seu tom
Sou seu blues etílicos, seu samba-canção
Sua bossa-nova, eu sou romântico de coração

Sou sua religião, seu guru, discípulo
Sou seu pai, sou seu irmão, te conheço de outra encarnação
Sou sua proteção, seu anjo da guarda
Sou a febre da paixão, o delírio de um sonhador
O início pra quem esperou viver um grande amor.



(Paulo Ricardo / Michael Sullivan)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quando eu disser adeus

Chegou a hora do adeus
Nós já viramos essa página
Separe tudo que for seu
E deixe apenas nossas lágrimas
De repente eu me tornei
Um estranho pra você
Dói no meu coração
Dói no seu coração
Não há nada que vai nos prender

Vou apagar de vez
Cada passo teu
E eu só vou me curar quando eu disser adeus
Amanhã talvez
Longe em outro lugar
Tudo vai passar
Quando eu disser adeus

Quem sabe a vida vai mostrar
Os sonhos que nós dois perdemos
Daqui pra frente vou mudar
Viagens, riscos, outros planos
Guarde o melhor de mim
Que no meu peito eu vou te guardar
Vai ser melhor assim
Vai ser melhor pra mim
Um dia a gente vai se perdoar.

Vou apagar de vez
Cada passo teu
E eu só vou me curar quando eu disser adeus
Amanhã talvez
Longe em outro lugar
Tudo vai passar
Quando eu disser adeus.



(Marcus Menna)

Talvez

Talvez tenha sido um beijo e nada mais,
Mas eu fiquei assim
Talvez,
O teu perfume não me deixa em paz,
Você ficou em mim.

Porque eu só penso em você,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,atende que sou eu,
Me apaixonei
Talvez...

Diz pra mim,
Tudo aquilo que eu preciso ouvir da sua voz
Diz pra mim,
Que você também andou pensando em nós

Talvez,
Tenha sido um sonho e nada mais,
Mas eu fiquei assim.
Talvez,
O seu sorriso não me deixe em paz,
Você ficou em mim,

Porque eu só penso em vc,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,
Atende que sou eu,
Me apaixonei,
Talvez...


(Marcus Menna)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sem Radar

É só me recompor
Mas eu não sei quem sou
Me falta um pedaço teu
Preciso me achar
Mas em qualquer lugar estou
Rodando sem direção eu vou...

Morcego sem radar
Voando à procurar
Quem sabe um indício teu
Queimando toda fé
Seja o que Deus quiser
Eu sei!
Que amargo é o mundo sem você....

Você me entorpeceu
E desapareceu
Vou ficando sem ar
O mundo me esqueceu
Meu sol escureceu
Vou ficando sem ar
Esperando você voltar...

É só me recompor
Mas eu não sei quem sou
Me falta um pedaço teu
Queimando toda fé
Seja o que Deus quiser
Eu sei!
Que amargo é o mundo sem você...

Você me entorpeceu
E desapareceu
Vou ficando sem ar
O mundo me esqueceu
Meu sol escureceu
Vou ficando sem ar
Esperando você...

Escrevendo minha própria lei
Desesperadamente eu sei
Tentando aliviar
Tentando não chorar
Por mais que eu tente esquecer
Memórias vem me enlouquecer
Minha sentença é você...



(Marcus Menna)

Paz de espírito

Toda realeza em seu nobre altar
Assim de repente se afoga nas ondas do mar
Esse mesmo mar já não faz voltar
Tanta prepotência que o homem mantinha no olhar
Foi Deus quem quis assim
Cada folha no jardim
Foi teu filho quem te escolheu
Pra vida linda aqui
Tão linda aqui
Faça suas preces te levantar
Saiba que o universo agora te ouve falar
Deixa que a verdade aparecerá
Mesmo que as pessoas prefiram não acreditar
Que foi Deus quem quis assim
Pra tudo tem um fim
E nem percebeu
A vida triste aqui
Tão triste aqui

Dólar pra comprar
Paz de Espírito
Não se vende o paraíso.



(Marcus Menna / Sérgio Ferreira / Bicudo)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Outra Vez

Quem traiu mais uma vez os meus segredos
Quem me ajoelhou foi quem me fez chorar
Fez da minha alma o seu novo brinquedo
Atirando do milésimo andar

Mas seu eu pudesse ter de novo os meus sonhos
Eu saberia onde posso encontrar
A felicidade desse tamanho
Pra recomeçar outra vez
Tudo outra vez

Ensaiando o meu sorriso no espelho
Na esperança dele nunca me deixar
Procurei intensamente outros desejos
Anestesiando só para aliviar

Quantas vezes a escuridão da solidão doeu
Acompanhada pela angústia que
Nunca me esqueceu não.


(Marcus Menna / Vitinho / Morel / Zé Henrique / Marcelão)

Carla

Eu cheguei a deixar
Vestígios pra você me achar
Foi assim
Que entreguei meu coração devagar
Eu tentei te roubar
Aos poucos pra você notar
Que fui eu
Te guardei onde ninguém vai tirar

No fundo dos meus olhos
Pra dentro da memória te levei
Amor você me tentou
Oh! Carla

Eu te amei como jamais
Um outro alguém vai te amar
Antes que o sol pudesse acordar
Eu te amei
Oh! Carla



(Marcus Menna)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Apague a Luz

Ando tão cansado
Que já nem me canso
Tudo é ao contrário
Que nem aceito mais a sugestão
Ando tão esquisito
Que já nem me importo
Tudo é tão nocivo
Então deixa a chave em cima do portão

Porque me levantei
Não deu nem pra avisar
Que eu fui voar
Longe, longe, longe, longe daqui
Que eu fui voar
Que apague a luz então quem for sair
Ando tão calado
Que nem dou ouvidos
Ao teu papo enganado
Não quero esse discurso charlatão

Porque me levantei
Não deu nem pra avisar
Que eu foi voar
Longe, longe, longe, longe daqui
Sei que eu posso ser sempre perfeito
Sei que eu não posso pra sempre fugir
Mas nunca mentir.



(Marcus Menna)

Gente Feliz

Vivem sem dinheiro
Comem sempre o mesmo
Mas mesmo assim vou te falar
Que é dificil acreditar
Na esperança e na vontade de viver

Fazem de um sorriso
O bem que é preciso
E sempre assim vão te mostrar
Que o mundo é feito pra se amar
Porque ninguém parece entender

Ah!Ah! Gente feliz
Ah!Ah! Ainda são ainda são

Não tem uma família
Sofrem sem ajuda
E nem assim vão se entregar
A vida pode melhorar
Na esperança e na vontade de viver

Dormem pela rua
Só tem roupa suja
E mesmo assim você vai ver o que é difícil de entender
Porque ninguém parece se importar.


(Bicudo / Sergio Ferreira / Alessandro Barros / Morel / Vitor Queiroz / Marcus Menna)

domingo, 12 de outubro de 2008

Minha vida é você

Meu mundo parou
Meus olhos já não enxergam mais nada
Você arrancou
Meu coração e levou para casa
Com você,com você

E nem me avisou que era seu
Pro resto da vida
Mas tudo bem se for
Para viajar na mesma batida
Com você, com você

E se você quiser me levar eu vou
A minha vida agora é você
Em qualquer canto desse planeta, amor
A minha vida é você

E o resto que se exploda...


(Marcus Menna)

No Fim

Mais uma tarde que chega sem poder te ver
Nem sei se vale, as flores não vão me dizer
Tão longe e mesmo assim
Te espero bem aqui no fim

As casas passam e tudo muda de lugar
Eu tô voltando de novo só pra te encontrar
De perto e mesmo assim
Te quero só pra mim no fim

Pra gente entender que só assim
Eu volto de novo pra você
Se for pra ficar até o fim
Ou adeus

Guarde um sorriso daqueles quando eu chegar
Só preciso de um segundo pra te amar
De perto e mesmo assim
Te quero só pra mim no fim



(Marcus Menna)

sábado, 11 de outubro de 2008

Os 100 anos de Cartola

Um dos maiores sambistas da história do país, Angenor de Oliveira, o Cartola, completaria neste sábado (11) cem anos de vida. O blog "Curtas Poéticas" homenageia este, acima de tudo, grande poeta brasileiro. VIVA CARTOLA!


Começando com "Pranto de Poeta"



Em Mangueira
Quando morre
Um poeta
Todos choram

Vivo tranqüilo em Mangueira porque
Sei que alguém há de chorar quando eu morrer

Mas o pranto em Mangueira
É tão diferente
É um pranto sem lenço
Que alegra agente

Hei de ter um alguém pra chorar por mim
Através de um pandeiro ou de um tamborim.

As Rosas Não Falam

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.



(Cartola)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Não faz mal amor

Não faz mal amor,
Deixa-me dormir
Ó minha flor tenha dó de mim
Sonhei, acordei assustado,
Receioso que tivesse me enganado
Eu não vivo sossegado

Só tens ambição e vaidade
Não pensas em felicidade
E eu não descanso um momento
Por pensar que teu amor
É só fingimento
Mas eu vou entrar com meu jogo
Eu vou pôr à prova de fogo
A tua sincera amizade
Para ver se tu falaste a verdade

Amar sem penar é bem raro
O verbo cumprir custa caro
Amor é bem fácil achar
O que acho mais difícil
É saber amar

O mundo tem suas surpresas
Mas nós temos nossas defesas
Por isso eu estou prevenido
Pra saber se sou ou não traído.



(Cartola)

Soldado do Amor

Passei a noite inteira esperando
Ao tédio perguntando
Onde anda minha companheira
Nesta vigília triste, selei minha sorte
Se ela não voltar
Hei de preferir a morte
Não foi preciso o relógio despertar
Pois esta noite não dormi
Não fui me deitar
Como soldado do amor
Fiz sentinela
A aurora me pilhou
Esperando por ela.


(Cartola)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Não posso viver sem ela

Tive que contar a minha vida
A esta mulher fingida
Que me faz sofrer
Esta dor que tanto me crucía
Roubou toda a alegria
Do meu viver

Pode ser que ela ouvindo os meus ais
Volte ao lar pra viver em paz

Esta malvada bem sabe o mal que me fez
Mas não faz mal eu lhe perdôo outra vez
Meu coração vive reclamando noite e dia
Por isso eu peço que ela volte para a minha companhia.



(Cartola / Bide)

O Inverno do Meu Tempo

Surge a alvorada
folhas a voar
e o inverno do meu tempo começa
a brotar, a minar

E os sonhos do passado
no passado estão presentes,
e o amor que não envelhece jamais
eu tenho paz
e ela tem paz

Nossas vidas
muito sofridas
caminhos tortuosos
entre flores e espinhos demais

Já não sinto saudade
saudades de nada que vi
o inverno do tempo da vida
oh! Deus
eu me sinto feliz

Surge a alvorada
folhas a voar...


(Cartola / Roberto Nascimento)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como é que eu posso

Como é que eu posso,
Cozinhar sem banha,
Sem cebola e alho,
Sem vinagre e cheiro,
Como é que eu posso,
Ter bom paladar,
Sem você deixar,
A grana pros temperos.

Pois fique sabendo,
Que o feijão bichado,
E o arroz quebrado,
Que alguém lhe vendeu,
Já despejei tudinho no terreiro,
Veja bem o dinheiro,
Que você perdeu.

Ou você acaba com essa economia,
Ou então acaba-se nossa amizade,
Já reclamo isso quase todo dia,
Você me responde com simplicidade.

É que a cebola minha filha, está soberba,
O alho e o vinagre cada vez subindo mais,
Peça emprestado cada dia a uma vizinha,
Ou continua fazendo, sempre como você faz.


(Cartola)

Ao amanhecer

Ao amanhecer , ao anoitecer
Cantam em bando aves fazendo verão
Ouve-se os acordes de um violão
E são eles , verdes periquitos

Têm o peito forte tal qual o granito
E são lindas as suas cancões.
Quando a tarde vai morrendo,

Ai, meu Deus
O crepúsculo vem descendo

Reúne-se o bando na rua
E cheios de harmonia
Entoam uma melodia
Que faz dancar, a própria lua.



(Cartola)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Não quero mais

Não quero mais
Amar a ninguém
Não fui feliz
O destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor
Ainda em botão
Deixando espinhos
Que dilaceram meu coração
Semente de amor
Sei que sou desde nascença
Mas sem ter vida e fulgor
Eis minha sentença
Tentei pela primeira vez um sonho vibrar
Foi beijo que nasceu
E morreu sem se chegar a dar
Às vezes dou gargalhada
Ao lembrar do passado
Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado
Se julgas que estou mentindo jurar sou capaz
Foi simples sonho que passou e nada mais.



(Cartola / Carlos Cachaça / Zé da Zilda)

Desfigurado

Dizem que estou desfigurado, com razão
Estou cansado de pedir a Deus,
Aos céus enfim
Um amor, onde encontrarei, Senhor!
Livrai-me desta nostalgia
Confiante ainda espero o dia

Meu coração é pobre e magoado
É infeliz como um menor abandonado
Viveu sempre nesta ilusão
Procurando outro coração


(Cartola)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Nós Dois

Está chegando o momento
De irmos pro altar
Nós dois
Mas antes da cerimônia
Devemos pensar em depois
Terminam nossas aventuras

Chega de tanta procura
Nenhum de nós deve ter
Mais alguma ilusão
Devemos trocar idéias
E mudarmos de idéias
Nós dois
E se assim procedermos
Seremos felizes depois
Nada mais nos interessa
Sejamos indiferentes
Só nós dois, apenas dois,
Eternamente.



(Cartola)

Fiz por você o que pude

Todo o tempo que eu viver
Só me fascina você,
Mangueira
Guerreei na juventude
Fiz por você o que pude,
Mangueira
Continuam nossas lutas,
Podam-se os galhos, colhem-se as frutas
E, outra vez se semeia
Eno fim desse labor
Surge outro compositor
Com o mesmo sangue na veia.


(Cartola)

domingo, 5 de outubro de 2008

Divina Dama

Tudo acabado
E o baile encerrado
Atordoado fiquei
Eu dancei com você
Divina dama
Com o coração
Queimando em chama


Fiquei louco
Pasmado por completo
Quando me vi tão perto
De quem tenho amizade
Na febre da dança
Senti tamanha emoção
Devorar-me o coração
Divina dama


Quando eu vi
Que a festa estava encerrada
E não restava mais nada
De felicidade
Vinguei-me nas cordas
Da lira de um trovador
Condenando o teu amor
Tudo acabado



(Cartola)

Fita os Meus Olhos

Fita os meus olhos
Vê como eles falam
Vê como reparam o seu proceder
Não é preciso dizer deve compreender
Até mesmo notar só no meu olhar
Não abuses por eu te confessar
Que nascestes só para eu te amar
Gosto tanto tanto de você
Que os meus olhos falam o que não vê
Ainda há de chegar o dia
Que eu hei de ter tanta alegria
Quando você souber compreender
Num olhar o que eu quero dizer



(Cartola / Oswaldo Vasques)

sábado, 4 de outubro de 2008

Beijos

Beijos,
Ainda quero mais beijos teus

Beijos,
Para satisfazer os meus

Beijos,
Nem que sejam de falsidade

Beijos,
Melhor que se fossem de verdade.



(Cartola)

Sim

Sim,
Deve haver o perdão
Para mim
Senão nem sei qual será
O meu fim

Para ter uma companheira
Até promessas fiz
Consegui um grande amor
Mas eu não fui feliz
E com raiva para os céus
Os braços levantei
Blasfemei
Hoje todos são contra mim

Todos erram neste mundo
Não há exceção
Quando voltam a realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira.




(Cartola / Oswaldo Martins)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Canção de Saudade

Tudo de alegrias e de tristezas conheci,
Coisas do amor e do sofrer, eu já senti,
Nada me transforma a alegria de viver,
Ver a noite vir e sorrir, ao sol nascer,
Vivo esperando o novo dia,
Que irá trazer a luz, que sempre ficará.



(Cartola)

Autonomia

É impossível nesta primavera, eu sei
Impossível, pois longe estarei
Mas pensando em nosso amor, amor sincero
Ai! se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero
Escravizaram assim um pobre coração
É necessário a nova abolição
Pra trazer de volta a minha liberdade
Se eu pudesse gritaria, amor
Se eu pudesse brigaria, amor
Não vou, não quero.



(Cartola)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Minha

Minha
Quem disse que ela foi minha
Se fosse seria a rainha
Que sempre vinha
Aos sonhos meus

Minha
Ela não foi um só instante
como mentiam as cartomantes
como eram falsas as bolas de cristal

Minha
Repete agora esta cigana
Lembrando fatos envelhecidos
que já não ferem mais os meus ouvidos.



(Cartola)

Peito Vazio

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai.


(Cartola / Elton Medeiros)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quem me vê sorrindo

Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração

O que eu sofri por esse amor, talvez
Não compreendeste e se eu disser não crês
Depois de derramado, ainda soluçando
Tornei-me alegre, estou cantando

Quem me vê sorrindo...

Compreendi o erro de toda humanidade
Uns choram por prazer e outros com saudade
Jurei e a minha jura jamais eu quebrarei
Todo pranto esconderei.



(Cartola / Carlos Cachaça)

Alegria

Alegria,
Era o que faltava em mim,
Uma esperança vaga,
Eu já encontrei,
Pelos carinhos que me faz,
Me deixa em paz,
Não te quero ver,
Para nunca mais.

Eu sei,
Que teus beijos e abraços,
Tudo isso não passa,
De pura hipocrisia,
Já que tu não és sincera,
Eu vou te abandonar,
Um dia.


(Cartola)