terça-feira, 29 de abril de 2008

Depois do Fim

Mas como eu começo depois do fim
O som da porta batendo atrás de mim
Minha vida se parte em pedacinhos pequenos
O que restou, o que dizer, prá quem ligar, aonde ir?

O vazio total e a urgência de recomeçar
Em que casa, em que rua, em que mundo eu vou morar?
Onde eu vou entre o fim do trabalho e o começo do sono?
Prá te esquecer me entrego pra qualquer bobagem na TV

E eu rezo pra dormir
Mas Deus não quer me ouvir
Eu tento resistir
Enquanto a noite e o céu desabam sobre mim

Sobra espaço no armário e agora aqui
O vazio na alma, na cama e ao redor de mim
Caio em prantos na rua e nem ligo,
Me acostumei com vexames
Volta pra mim, me mostra onde eu errei e te perdi



(Leoni)

A casa na montanha

Eu fiz bem lá no alto da montanha
Mais alta, mais distante das cidades
A casa-esconderijo das saudades.
Pensei: nenhum problema mais me alcança.

Nem cartas, nem notícias, nem desgraças,
Nem dívidas, nem falsas amizades
Vão ter nem ousadia, nem vontade
De vir me ver. Já nada me ameaça.

Mas, eu só percebi quando era tarde
Depois que eu acionei os meus alarmes,
Depois de pôr a tranca no portão,

Que eu me tranquei sozinho com o inimigo
Que vai passar a vida aqui comigo
Vivendo do meu medo e solidão.


(Leoni)

40 Dias no espaço

Até ontem tudo estava aqui
Casa, sol, felicidade, nós
Mas aconteceu e eu nem percebi
Quando tudo se perdeu de mim
Quadros, móveis, a televisão
Nossas fotos, seu amor por mim
Deve estar aqui, noutra dimensão
As coisas somem sem explicação


Se tudo passa depressa
Só o que é novo interessa
40 dias no espaço
Em algum planeta deserto
Talvez de lá eu consiga voltar a ver
O que eu não vejo de perto.

Só enxergo o que eu não posso ter
Mas se qualquer dia eu conseguir
Vai perder a cor, desaparecer
Como tudo que me fez feliz
A beleza explode ao meu redor
Um milagre novo por segundo
Facas e maçãs, luzes sobre nós
E os detalhes que revelam o mundo.


(Leoni)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Vinte e Nove

Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais.)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.

E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez.


(Renato Russo)

Perfeição

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.


Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.


Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.


Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.


Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição



(Renato Russo)

Clarisse

Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada em seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito
E Clarisse só tem 14 anos...



(Renato Russo)

Natália

Vamos falar de pesticidas
E de tragédias radioativas
De doenças incuráveis
Vamos falar de sua vida
Preste atenção ao que eles dizem
Ter esperança é hipocrisia
A felicidade é uma mentira
E a mentira é a salvação
Beba desse sangue imundo
E você conseguirá dinheiro
E quando o circo pega fogo
Somos os animais na jaula
Mas você só quer algodão-doce
Não confunda ética com éter
Quando penso em você eu tenho febre

Mas quem sabe um dia eu escrevo
Uma canção pra você
Quem sabe um dia eu escrevo
Uma canção pra você

É complicado estar só
Quem está sozinho que o diga
Quando a tristeza é sempre o ponto de partida
Quanto tudo é solidão
É preciso acreditar num novo dia
Na nossa grande geração perdida
Nos meninos e meninas
Nos trevos de quatro folhas
A escuridão ainda é pior que essa luz cinza
Mas estamos vivos ainda

E quem sabe um dia eu escrevo
Uma canção pra você
Quem sabe um dia eu escrevo
Uma canção pra você
Quem sabe um dia eu escrevo
Uma canção pra você...


(Renato Russo)

domingo, 27 de abril de 2008

Pra Ela Voltar

Desde que ela foi embora,
Nada mais funcionou
O galo canta muito antes da aurora,
E a roupa
Ainda não secou.
Mesmo a lua que brilhava lá fora
uma nuvem de chumbo apagou
O apito do guarda noturno assopra
Só pra me lembrar que acabou.
O muro separa o mundo lá fora.
A água do poço secou.
O vidro embassa se meus lábios encostam
num beijo que não me tocou.


Diga que é pra ela voltar
Que sem ela eu não passo nada bem,
Que duas pessoas não deixam de amar,
Que uma pessoa só não conta
Que uma pessoa só não é ninguém.

Escuto um barulho num silêncio que chora,
Não reconheço esse som,
Não ouço o riso que ouvia outrora
Pois seu sorriso ela levou.
Eu entro sozinho e fecho a porta,
Acendo a luz e não encontro mais niguém
Os moveis antigos que morrem na sala estão só pra
me lembrar que acabou.



(Nando Reis)

N

E agora, o que eu vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus?
E as lágrimas não secaram com o sol que fez?

E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro?
E o seu cabelo está enrolado no meu peito?

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar
e te beijar
de novo

E agora, como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no
meu braço como um selo?
Nossos nomes que tem o N
como um elo

E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o
meu prazer?
E o meu corpo está moldado
com o teu?


(Nando Reis)

Sim

SIM
Desde que eu te vi
eu te quis
Eu quis te raptar
Eu fiz um altar
Pra te receber
Como um anjo
Que caiu
lá do céu
Não estava voando
Andando
Distraiu-se

SIM
E agora
Eu quero voltar lá do céu
Eu quero estar de volta
Eu quero ter você quando estiver de volta
Eu quero você para mim
Não dou
Pra ficar só,
sim,
não dou,
não


(Nando Reis)

A Letra A

A letra A do seu nome
Abre essa porta e entra
Na mesma casa onde eu moro
Na mesa que me alimenta


A telha esquenta e cobre
Quando de noite ela deita
A gente pensa que escolhe
Se a gente não sabe inventa
A gente só não inventa a dor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor


A abelha nasce e morre
E a cêra que ela engendra
Acende a luz quando escorre
Da vela que me orienta
Apenas os automóveis
Sem penas se movem e ventam
Certeza é o chão de um imóvel
Prefiro as pernas que me movimentam


A gente em movimento: amor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor



(Nando Reis)

Promessas

Sim, promessas fiz
Fiz projetos sonhei tanta coisa
E agora o coração me diz
Que só em teus braços amor eu posso ser feliz

Eu tenho este amor para dar
O que é que eu vou fazer

Eu tentei esquecer
E prometi
Apagar da minha vida este sonho
E vem o coração e diz
Que só em teus braços amor eu posso ser feliz



(Tom Jobim)

O Fim de Tudo

Eu estaciono o carro
Na porta da casa dela
E tento achar nos bolsos
Os gestos e as frases certas
Eh tao dificil eu dizer
Algumas coisas que eu sinto
Como isso eh o fim de tudo
E daqui eu sigo sozinho

Mas isso eh o fim de tudo
E isso eh o que eu vim dizer
Mas isso eh o fim de tudo
E isso eh o que eu vim dizer

No elevador me lembro
Que eu gosto do jeito dela
E tento achar um jeito
De achar um jeito com ela
É tao dificil eu dizer
As coisas do jeito certo
Como isso é o fim de tudo
Quando ela está por perto



(Leoni)

Nessa Espera

Todo dia é só mais um dia
Se é longe de você
Todo tempo é só essa espera
Se eu não puder te ver

Mas se é pra te ver chorar
Nem pensar
Melhor deixar pra lá
Mas se é pra te ver chorar
Nem pensar
Melhor sentir saudade e deixar
O tempo consertar
O que der pra consertar
Do que ainda resta de nós

O que há de ser, qualquer dia
Mas o que haverá de ser
Nem a brisa vem soprar nessa espera
Tudo espera por você

Deixa a chuva desabar, nessa espera
Deixa a mágoa desmanchar, nessa espera
Deixa a água carregar, nessa espera
Toda a raiva que restar, nessa espera



(Leoni)

sábado, 26 de abril de 2008

Soltem minhas asas

Eu não sou mais daqui
Não tente me impedir.
Quero ter meu lugar
Para ser o que sou,
Viajar e viver

Eu não sou mais daqui
Quero ser o que sei,
Quero ser o que sei...
Não há como saber
O que eu não sei fazer
Quero ser o que sei

Soltem minhas asas,
Elas já estão prontas!
Vejam meu caminho
Já estou sozinho.

Eu quero te contar,
Tudo o que eu aprendi.
Espere quando eu voltar, aqui
Eu vou atrás de diversão e de outras coisas mais
Tenho pouco tempo...



(Rodrigo Netto)

Não mais que três semanas

Olá amigos!
Postarei hoje uma letra raríssima do
mestre/gênio Renato Manfredini Jr(Renato Russo).
Espero que gostem!
Obs:Não existe registro de voz da música,apenas a letra.



Não mais que três semanas
E sempre um sorriso quando lembro:
Foi ano passado.
(Tão correto e tão bonito-
O tempo é realmente um dos deuses mais lindos).


E veio forte a armadilha
Forte como o desempate:
"One-night stands", fotografias,
Ponte-aérea, enrevistas.
O trabalho? Quase férias!
E então quase rotina.
As ciladas eam rimas
E a resposta um toca-fitas.

Tenho estado distraído
E até contente e sem juízo.
E mesmo assim sei, por instinto:
Muitos sentem o que eu sinto.
Impacientes e indecisos
Cada um com seus motivos -
Sem trabalho? Sem alívio.
A armadilha é só isso.

É um feitiço tão latino
E essa preguiça é um feitiço:
Um exílio pelo avesso
Que desvia o compromisso


(Renanto Russo)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sem o teu amor

Eu quero acreditar no teu amor
Que de toda forma já foi dito
a mesma estrada que nos espera
É a mesma estrada que nos aproxima
É única estrela que há no céu
Banhada pela luz do sol poente

O amor não se apaga assim facilmente
Não se ilude no início de uma noite
Eu sigo a despistar meu coração
Atormentado e confortável
Sinto saudade do que não existe
E o que já foi velo agora é triste

Sem o teu amor tornei-me cego
Esquecido se não lembras mais de mim
Se o mundo acabar,acho que nem vejo
Eu penso em você o tempo inteiro

A tarde caminhando pelo ar
Confusa sensação de eternidade
Eu vi o teu rosto coberto de nuvens
Levadas no vento que eu não via


(Marcelo Bonfá)

Nada como eu e você

Tem gente que se desespera
Com aplicações e rendimentos
Outras são quase estéricas
Com a arrumação do apartamento

Tem gente que passa o tempo
Agradando a gregos e baianos
Dando satisfação aos vizinhos
Que vive se controlando

Porque eles nunca tiveram, nem vão ter
Nada como eu e você

Tem gente que passo o dia
Fazendo séries de exercícios
Enlouquecida na academia, com cada milímetro do bíceps

Tem gente que faz fofoca
E cheira
E pira
E jura que é Deus

Tem gente que enche a cara
Tem gente que nunca pára

Porque eles nunca tiveram, nem vão ter
Nada como eu e você



(Leoni)

Mais perguntas que respostas

A noite entreabre a porta
Pro sol que já vai entrar
E eu tenho mais perguntas que respostas
A vida me surpreende
E o dia vem me lembrar
Que todo dia é tudo diferente
Do sudoeste vem chuva
E um sentimento de paz
De noite a gente se escuta muito mais
O céu invade a varanda
E eu deixo a alma no escuro
E ainda me espanto
Com o quanto eu deixo de notar

O sol escala as encostas
Enquanto eu tomo o café
E eu tenho mais perguntas que respostas
Tem tanta gente no mundo
Vivendo vidas seguras
Será que só eu me sinto tão confuso
Eu encho a alma de sustos
De vaga-lumes e estrelas
E fico feliz por nada ou quase tudo
Me sinto meio antiquado
Pensando tanto em família
Vivendo cercado de poucos bons amigos
Eu acredito em bondade,
Amor e honestidade
E o que me importa
São mais perguntas que respostas
A noite encosta a porta
O sol desperta a cidade
E eu planto mais perguntas que respostas



(Leoni)

Temporada das Flores

Que saudade!
Agora me aguardem
Chegaram às tardes de sol a pino
Pelas ruas
Flores e amigos
Me encontram vestindo
Meu melhor sorriso

Eu passei um tempo
Andando no escuro
Procurando
Não achar as respostas
Eu era a causa
E a saída de tudo
E eu cavei como um túnel
Meu caminho de volta

Me espera, amor
Que eu estou chegando
Depois do inverno
É a vida em cores
Espera, amor
Nossa temporada das flores

Eu te trago
Um milhão de presentes
Que eu achava
Que já tinha perdido
Mas estavam
Na mesma gaveta
Que o calor das pessoas
E o amor pela vida

Me espera
Estou chegando com fome
Preparando o campo
E a alma pras flores

E quando ouvir
Alguém falar no meu nome
Eu te juro que pode
Acreditar nos rumores



(Leoni)

Samba e Saudade

Ganhei a bênção do samba
sob o sovaco do Cristo
ganhei a porta da rua
e quem sabe seu desprezo, eu desisto

Subi ladeira na chuva
se me encostar sai faísca
berrei bobagens pra lua
mas aqui dentro agora chora a cuíca

Samba e saudade
batem dentro do peito
ando sambando sem jeito
chorando quase feliz

Perdi pra sempre a cabeça
sem ela vou muito bem
e sem você do meu lado
às vezes choro muito, passo a noite acordado
quero pular desse prédio
quero pular na avenida
cair na rede do samba
que chega junto pra comprar minha briga



(Leoni / Suely Mesquita)

Melhor pra Mim

Olhando as estrelas
Nada no espaço
Fica parado no lugar
A terra se move
Os carros na estrada
Eu dentro de um deles
Corro mais só pra te encontrar

Olhando o relógio
O tempo não passa
Quando eu me afasto de você
Mas se de repente ele fica apressado
E as horas disparam
É só porque encontrei você

E aí tudo muda
Olhando pro céu
E aí tudo muda
Penso em você e eu

A ciência confirma os fatos que o coração descobriu
Nos seus braços sempre me esqueço de tempo, espaço e no fim
Tudo é relativo quando te fazer feliz me faz feliz
Se a história for sempre assim
Melhor pra mim

Olhando as pessoas
Falando de espaço
Mantendo distância sem saber
Que antigas verdades viraram mentiras
E nada protege de uma paixão vir acontecer



(Leoni)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Educação Sentimental II

A vida que me ensinaram
Como uma vida normal
Tinha trabalho, dinheiro,
Família, filhos e tal
Era tudo tão perfeito
Se tudo fosse só isso
Mas isso é menos do que tudo
É menos do que eu preciso

Agora você vai embora
E eu não sei o que fazer
Ninguém me explicou na escola
Ninguém vai me responder

Eu sei a hora do mundo inteiro
Mas não sei quando parar
É tanto medo de sofrimento
Que eu sofro só de pensar
A quem eu devo perguntar
Aonde eu vou procurar
Um livro onde aprender
A você não me deixar


(Leoni / Paula Toller / Herbert Vianna)

Educação Sentimental

Eu ando tão nervoso pra te escrever
Os versos mais profundos
Eu roço no seu braço e passo sem mexer
Feliz por um segundo
É sempre a mesma cena
Só te ver no corredor
Esqueço do meu texto
Eu fracasso como ator
Só dou vexame
Fico olhando pros seus peitos
Escorrego na escada,
Acho que assim não vai dar jeito

Educação Sentimental
Eu li um anúncio no jornal
Ninguém vai resistir
Se eu usar os meus poderes para o mal

Eu treino a tarde inteira
O que é que eu vou falar
Quando eu estiver no telefone
Naquela hora em que o
assunto acabar
Não posso entrar em pane
Te levar pra cama e te dizer
coisas bonitas
Vai ser tão simples quanto eu vejo
nas revistas
Que falam de amor como uma coisa
tão normal
Como se não passasse de um
encontro casual



(Leoni)

Dormir

Eu sonhei que eu podia voar
Eu conseguia ir a qualquer lugar
Dentro das casas das pessoas
E suas vidas
Solitárias e confusas
Todas parecidas

Abri os olhos de volta ao chão
Vi que era só minha imaginação
Sem conseguir me mexer
Sair do lugar
A gravidade me fez, me fez acordar

Eu não quero acordar
Eu quero dormir
e sonhar

Às vezes sonho colorido
É uma bagunça, tudo distorcido
nada parece fazer sentido
É tão real que eu acredito
eu adoro ver você dormir
o mundo inteiro parece sumir
tranqüilidade e tanta paz
por favor, me explique
como se faz

Eu não quero acordar
Eu quero dormir
e sonhar

Às vezes sonho acordado
Eu penso no futuro e no passado
Mas nada é mais divertido
do que fechar os olhos
deixar o mundo de lado


(Dinho Ouro Preto / Alvin L.)

Altos e Baixos

Esse aqui é o meu lugar
Desci até o inferno
E consegui voltar
Estou de volta, estou aqui
Atravessei o deserto
Mas sobrevivi

Altos e baixos, a sorte vai e vem
Altos e baixos, não é diferente
Pra ninguém

A cartada genial
A piada que pegou mal
A grande chance perdida
O grande amor de sua vida
O erro que você não pode apagar
O sorriso que faz o seu coração parar

Vai ficar tudo bem,
a terra continua a girar.
Dias ruins virão também
E o céu não vai desabar

Eu vi chegar a tempestade
que me levou sem piedade
Eu fui parar em alto-mar
Nada como ter tempo pra pensar

Altos e baixos, a sorte vai e vem
Altos e baixos, não é diferente
Pra ninguém

A vitória no final
A queda do pedestal
O dia que seu filho nascer
O trânsito de enlouquecer
É a mentira que vai te alcançar
As coisas que o dinheiro
Não pode comprar

Vai ficar tudo bem
a terra continua a girar
Dias ruins virão também
e o céu não vai desabar



(Dinho Ouro Preto / Alvin L.)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Montanha Mágica

Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

Ficou logo o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora

Para que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é por coicidência a minha indiferença
Sou uma cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mas estou pronto para mais uma
O que é que desvirtua e ensina?
O que fizemos de nossas próprias vidas

O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes
Agora só artesanato:
O resto são escombros

Mas, é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio 38

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia

Chega, vou mudar a minha vida
Deixa o copo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol
E um copo d'água



(Renato Russo)

Metal contra as nuvens

Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais

Eu sou metal
Raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal
Eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal
Sabe-me o sopro do dragão

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra
Tem a lua, tem estrelas
E sempre terá

Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão,
Olha o sopro do dragão !

É a verdade o que assombra
O descaso que condena
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resitir
Eu quero a espada em minhas mãos

Eu sou metal - raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal: eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal: me sabe o sopro do dragão

Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então

Tudo passa
Tudo passará

E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora, ahh!
Apenas começamos.



(Renato Russo)

Um dia perfeito

Quase morri
Há menos de vinte e duas horas atrás
Hoje a gente fica na varanda
Um dia perfeito, com as crianças.

São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
E tão simples : um dia perfeito.

Corre, corre, corre
Que vai chover
Olha a chuva!

Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito
Ninguém vai conseguir quebrar


(Renato Russo)

Por Enquanto

Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
sempre acaba?

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa



(Renato Russo)

terça-feira, 22 de abril de 2008

O Pavão

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.


(Rubem Braga)

Soldado de Chumbo

Quando penso que encontrei o meu lugar,
não me encontro dentro dele.
Um soldado que vive no inferno,
quando a guerra acaba não consegue descansar.

Você já se pegou vivendo um personagem,
que não era bem o seu papel.
Pois na teoria onde tudo é tão perfeito,
mas basta abrir a porta pra gente complicar.

Tínhamos soluções pra tudo,
tudo era tanto que parecia pouco.
Diante dessa eternidade,
do eterno e pra sempre e hoje, vamos navegar.

Já não temos mais outra saida
Eu não sinto mais vontade de te amar


(Tico Santa Cruz)

Eu e minha estupidez

Quem não tem nada
Não tem nada a perder
e quem implora de joelhos
Não pode escolher

A dor e a tristeza
Vão passar
Como tudo um dia passa
Se não te matar

Eu e minha estupidez
em um beco sem saída
Ah, eu e minha estupidez
olhando o que eu
achava que era vida

Todo mundo sempre tem
algo pra aprender
se quem espera sempre alcança
comece a correr
se eu soubesse o que hoje sei
não mudaria nada
o melhor de tudo isso é a viagem
e não a chegada


(Dinho Ouro Preto / Alvin L)

Aqui

Às vezes eu acho que eu fiquei louco
me dando conselhos até ficar rouco
às vezes acho que perdi a memória
contando de novo a mesma história

Aqui onde as horas não passam
Aqui onde o sol não me vê
Aqui onde eu não moro
não existo sem você

Me olho no espelho e me vejo do avesso
o mesmo rosto que eu não reconheço
o rádio ligado, chuva e calor
as gotas me ferem mas não sinto dor



(Dinho Ouro Preto / Alvin L.)

Tudo que vai

Hoje é o dia
Eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixam as fotos
Quanto tempo faz
Deixam os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais

Salas e quartos
Somem sem deixar vestígio
Seu rosto em pedaços
Misturado com o que não sobrou
Do que eu sentia
Eu lembro dos filmes que eu nunca vi
Passando sem parar
Em algum lugar.

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais

Fica o gosto, ficam as fotos
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais

Quanto tempo, eu já nem sei mais o que é meu
Nem quando, nem onde


(Dado Villa-Lobos / Alvin L. / Tony Platão)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tempo Perdido

Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.

Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia
"Sempre em frente,
Não temos tempo a perder".

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem.

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo.

Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.

Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens


(Renato Russo)

Quase sem querer

Tenho andado distraído,
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso.
Só que agora é diferente:
Estou tão tranquilo
E tão contente.

Quantas chances
desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.

Me fiz em mil pedaços
P'ra você juntar
E queria sempre achar
Explicação p'ro que eu sentia.

Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir p'ra si mesmo
É sempre a pior mentira.

Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo.

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos.

Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto.



(Renato Russo)

Teatro dos Vampiros

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos

Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
A primeira vez
Sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos

Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar

Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém.



(Renato Russo)

La Nuova Gioventú

Tudo que sei
É que você quis partir
Eu quis partir sem você
Tirar você de mim

Demorei para esquecer
Demorei para encontrar
Um lugar onde você não me machucasse mais
E guardei um pouco
Porque o tempo é mercúrio-cromo
E tempo é tudo que somos

Talvez tivéssemos, teríamos tido, tivéramos filhos
Estava lhe ensinando a ler
On the Road
E coisas desiguais
Com você por perto
Eu gostava mais de mim.

Veja bem, eu já não sei se estou bem só por dizer
Só por dizer é que finjo que sei
Não me olhe assim
Eu sou parte de você
Você não é parte de mim.

Do meu passado você faz pouco caso
Mas, só para você saber,
Me diverti um bocado

E com você por perto
Eu gostava mais de mim


(Renato Russo)

domingo, 20 de abril de 2008

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


(Vinicius de Moraes)

Além do amor

Se tu queres que eu não chore mais
Diga ao tempo que não passe mais
Chora o tempo o mesmo pranto meu
Ele e eu, tanto
Que só para não te entristecer
Que fazer, canto
Canto para que te lembres
Quando eu me for

Deixa-me chorar assim
Porque eu te amo
Dói a vida
Tanto em mim
Porque eu te amo
Beija até o fim
As minhas lágrimas de dor
Porque eu te amo, além do amor!



(Vinicius de Moraes)

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.



(Vinicius de Moraes)

Soneto do maior amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.



(Vinicius de Moraes)

Soneto de Despedida

Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.

Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.

Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz – eu de amor pouco e vida pouca

Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio.



(Vinicius de Moraes)

O Som da sua voz

Não me deixe na chuva não
Não me tire do coração
Não me diga que vai sem mim
Já conheço esse teu olhar
Uma luz a se afastar
A quilômetros daqui
Não me deixe na noite não
Na travessa da desolação
Não me diga que quer assim
Porque ali não há calor
Não há luz nem há razão
E não há o teu riso
Tudo está tão certo, não está?
Vem aqui mais perto, vem mostrar
Vem dizer aonde vai seu olhar

Quando a noite estender seu manto sobre nós
Meu abrigo então será o som da sua voz


(Samuel Rosa / Chico Amaral)

O Vencedor

Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar

Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo,
mas não deixa ninguém ver
Por que será ?

Eu que nunca fui assim
muito de ganhar,
junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.



(Marcelo Camelo)

O Pouco que Sobrou

Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
se tudo é tão ruim por onde eu devo ir?
a vida vai seguir,
ninguém vai reparar
aqui nesse lugar eu acho que acabou,
mas vou cantar
pra não cair fingindo ser
alguém que vive assim
de bem
eu não sei por onde fui
só resta eu me entregar
cansei de procurar o pouco que sobrou
eu tinha algum amor
eu era bem melhor
mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu
se existe Deus em agonia
manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou


(Marcelo Camelo)

Sentimental

O quanto eu te falei que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei
Você me avisar, me ensinar,
falar do que foi pra você, não vai me livrar de viver

Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar

De tanto eu te falar, você subverteu
o que era um sentimento e assim fez dele razão
pra se perder no abismo que é pensar e sentir

Ela é mais sentimental que eu!
Então fica bem
se eu sofro um pouco mais

(Se ela te fala assim, com tantos rodeios,
é pra te seduzir
e te ver buscando o sentido
daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria)


Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir e rir...



(Rodrigo Amarante)

sábado, 19 de abril de 2008

Dois Barcos

Quem bater primeiro a dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer, aponta pra fé
E rema

É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
nos mares por onde andei
devagar
dedicou-se mais o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

Doce o mar, perdeu no meu cantar



(Marcelo Camelo)

Primeiro Andar

Já vou, será
eu quero ver
o mundo eu sei
não é esse lá

por onde andar
eu começo por onde a estrada vai
e nao culpo a cidade, o pai

vou lá, andar
e o que eu vou ver
eu sei lá

não faz disso esse drama essa dor
é que a sorte é preciso tirar pra ter
perigo é eu me esconder em você
e quando eu vou voltar, quem vai saber

se alguem numa curva me convidar
eu vou lá
que andar é reconhecer
olhar

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu não sei quem sou



(Rodrigo Amarante)

Atrás da Porta

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito (Nos teus pelos)*
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho

Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que inda sou tua
Só pra provar que inda sou tua...


(Francis Hime / Chico Buarque)

Propriedade Particular

Queria que tu tivesse
Ciúmes de mim
Queria te ver armar uma cena assim
Xingando e quebrando coisas
Subindo em mesa de bar
Dizendo aqui ninguém tasca
É propriedade particular
Confesso que teu rosto se transtornasse
A minha alegria seria ainda maior
E acho que nesse momento
Não me importaria morrer
Pois sei que sentes por mim
O mesmo que eu por você


(Lulu Santos)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Lira do amor romântico

Atirei um limão n'água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.

Atirei um limão n'água
e caiu enviesado.
Ouvi um peixe dizer:
Melhor é o beijo roubado.

Atirei um limão n'água,
como faço todo ano.
Senti que os peixes diziam:
Todo amor vive de engano.

Atirei um limão n'água,
como um vidro de perfume.
Em coro os peixes disseram:
Joga fora teu ciúme.

Atirei um limão n'água
mas perdi a direção
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!

Atirei um limão n'água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.

Atirei um limão n'água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
é dor de quem muito amou.

Atirei um limão n'água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.

Atirei um limão n'água
mas depois me arrependi.
Cada peixinho assustado
me lembra o que já sofri.

Atirei um limão n'água,
antes não tivesse feito.
Os peixinhos me acusaram
de amar com falta de jeito.

Atirei um limão n'água,
fez-se logo um burburinho.
Nenhum peixe me avisou
da pedra no meu caminho.

Atirei um limão n'água,
de tão baixo ele boiou.
Comenta o peixe mais velho:
Infeliz quem não amou.

Atirei um limão n'água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh'alma dolorida.

Atirei um limão n'água,
pedindo à água que o arraste.
Até os peixes choraram
porque tu me abandonaste.

Atirei um limão n'água.
Foi tamanho o rebuliço
que os peixinhos protestaram:
Se é amor, deixa disso.

Atirei um limão n'água,
não fez o menor ruído.
Se os peixes nada disseram,
tu me terás esquecido?

Atirei um limão n'água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado para trás.

Atirei um limão n'água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
Você não ama: tortura.

Atirei um limão n'água
e caí n'água também
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.

Atirei um limão n'água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.



(Carlos Drummond de Andrade)

Saudade

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa,dói morder a língua,dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-semenor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua preferindo Malzebier; se ela continua preferindo suco; se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; se ele continua cantando tão bem; se ela continua detestando o MC Donald's; se ele continua amando; se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; não saber como frear as lágrimas diante de uma música; não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos. É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer...Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler.



(Miguel Falabella)

Bolero Blues

Quando eu ainda estava moço
Algum pressentimento
Me trazia volta e meia
Por aqui
Talvez à espera da garota
Que naquele tempo
Andava longe, muito longe
De existir
Tantos tristes fados eu compus
Quanto choro em vão,
bolero, blues
Eis que do nada ela aparece
Com o vestido ao vento
Já tão desejada
Que não cabe em si

Neste crucial momento
Neste cruzamento
Se ela olhar para trás
É bem capaz de num lamento
Acudir ao meu olhar mendigo
Mas aquela ingrata corre
E a Barão da Torre e a
Vinicius de Moraes
São de repente estranhas ruas
Sem o seu vestido ficam nuas
E ao vento eu digo
- tarde demais

Quando ela já não mais garota
Der a meia-volta
Claro que não vou
estar mais nem aí


(Jorge Helder / Chico Buarque)

Certas Coisas

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer

A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...



(Lulu Santos / Nelson Motta)

O Último Romântico

Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre o meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único

Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse Oceano Atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida já que a morte cai do azul

Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande pra poder chorar

Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande pra poder chorar



(Lulu Santos / Antonio Cícero / S. Souza)

Cadê Você?

Li no jornal
Que amanhã bem cedo
Você vai chegar
Vai bater na porta
E antes que eu deixe
Você vai entrar


Também vai trazer
Dentro de uma caixa
O meu coração
Sei que nada é de graça
Que isso é trapaça
Que eu vou dizer não


Por isso me traga uma flor
E faça um favor de não me irritar
E conte uma bela história
Se for confiante
Vou acreditar


Eu queria ter esse problema
Igual aquele filme
Que eu vi no cinema


Eu sei, você não viu
Mas eu explico o esquema
Me abraça
Me ama
Me beija
Cadê você?

(Ana Cañas / Fabá Jimenez)

Coração Vagabundo

Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer

Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher

Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus

Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim


(Caetano Veloso)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Por Causa de Você

Ah, você está vendo só
Do jeito que eu fiquei
E que tudo ficou
Uma tristeza tão grande
Nas coisas mais simples
Que você tocou
A nossa casa, querida
Já estava acostumado
As flores na janela sorriam e cantavam
Por causa de você
Olhe, meu bem
Nunca mais
Nos deixe por favor
Nós somos a vida e o sonho
Nós somos o amor
Venha, meu amor
Não deixe o mundo mal
Te levar outra vez
Me abre simplesmente
Não fale, não lembre
Não chores
Meu bem...


(Tom Jobim)

Você me ganhou de presente

Você me ganhou de presente
Com laço e etiqueta de garantia
Foi num dia de alegria
Você fez bem o gesto que eu queria
Mas não deu mole
Não deu mole
Não deu mole
Você não deu mole

Nunca esteve numa de me alcançar
Nem estava no 'mood' de casar
Eu sempre estive à mão, que isso me console
Mas você não
Você não deu mole

Você me ganhou de presente
No laço e na promessa de guarita
Você me sorriu na galeria
E tinha bem o gosto que eu queria,
Mas não deu mole
Não deu mole
Não deu mole, meu bem
Você não deu mole

Nunca teve medo de me ver partir
Nem vai perder seu tempo pra me desmentir
Nem me criticar
Eu que me controle
Porque você não
Você não dá mole

Se eu chorar, você até se comove
Mas assim já é demais
Nem eu me agüento
Porque eu não dou mole
Eu não dou mole
Não dou mole, meu bem
Também não dou mole...


(Paula Toller)

Meu amor se mudou pra lua

Cai a tarde sobre os ombros da montanha onde me largo
O dia não foi, a noite o que será
Meus cabelos pela grama e eu sem nem querer saber
por onde começo e onde vou parar

Na imensidão do amanhã
meu amor se mudou pra Lua
Eu quis te ter como sou
mas nem por isso ser sua

Vou adiante como posso, liberdade é do que gosto
O dia nasceu, azul é sua forma
Já não quero mais ser posse, fosse simples como fosse
Um dia partir sem ganchos nem correntes

Façamos um brinde, façamos um brinde
à noite que já vai chegar
Façamos um brinde, façamos um brinde
ao vento que veio dançar


(Nenung)

À Noite sonhei contigo

À noite sonhei contigo
E não tava dormindo
Justo ao contrario
Estava bem desperto

Sonhei que não fazia
O menor esforço
Para que te entregasses
Em ti já estava imerso

Que lindo que é sonhar
Sonhar não custa nada
Sonhar e nada mais
De olhos bem abertos
Que lindo que é sonhar
E não te custa nada mais que tempo

Sofrer com tanta angústia
Por coisas tão pequenas
Gastar essa energia
Assim não vale à pena

Quem me dera me livrar
Pra sempre de mim mesmo
E só me reencontrar
Lá no teu doce abismo



(Kevin Johansen)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Retrato Pra Iaiá

Iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade
Pois é que assim um dia eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei

Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui pra aí te ver, te dizer:

Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar

De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou?
- Um filme no close pro fim

Num retrato-falado eu fichado,
exposto em diagnóstico
Especialistas analisam e sentenciam:

Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.
Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê



(Marcelo Camelo; Rodrigo Amarante)

Tão Sozinho

Hoje estou tão sozinho
Não sei mas o que fazer
A minha vida se acabou
Você se foi e agora não sei mais
Me diz o que que eu faço por você
Me diz o que que eu tenho que fazer
Pro teu coração

Dia e noite, noite e dia
Eu penso
Mas não sei por que você se foi
Deixou saudades e nunca mais
Voltou pra mim
Então tô indo pra onde você
Sempre quis

Adeus amor, eu quero ser feliz
Com meu coração


(Marcelo Camelo)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Tropeço

Não pude ver o que estava a me aguardar
Tanto barulho tanta distração
Meio perdido não dirijo meu olhar
E os passos seguem noutra direção
Sempre penso em algo infalível pra falar
Quando já não importa o que eu disser

Meu sorriso amarelou
Reagi sem tempo pra pensar
Certamente não foi a melhor decisão
Certamente...

Não percebi a força posta no andar
Até o instante em que tropecei
A textura do asfalto vem me amparar
Já sei exatamente onde eu errei

Já é hora de levantar, enfrentar e inventar
Já é hora de conversar, respeitar e abraçar
Já é hora de plantar, colher e dividir
Já é hora de ganhar e de perder e amar

Não percebi correntes me prendendo aqui
Até o instante em que tentei partir...


(Dado Villa-Lobos / Lourenço Monteiro)

Quase Nada

Tanta coisa simples
Mas a gente não
Vejo bem do alto
Asa do avião

Ritmos e cores
Bem à vontade diante de mim
Lábio e ritmo negro
Que samba canção

Os lugares são simples
E paisagens tão belas
Mas dentro delas nao há nem eu
Sem ela

O mundo não parece mais que um chão
Seria um chão se eu vivesse em pouco melhor
Só vendo a paisagem
Só vendo a beleza passando ao redor

Toda esperança tem um fio muito curto
Quando perco a metade parece quase tudo
Quase tudo, quase tudo
Que tenho pego como a areia pega a mão
E quando fica alguma coisa é quase bom
Melhor que um dia atrás do outro sem ilusão

Os lugares são simples
E paisagens tão belas
Mas dentro delas nao há nem eu
Sem ela


(Dado Villa-Lobos / Humberto Effe)

Nos Lençóis

Acordei flutuando
Num sonho bom
Tirei os meus pés do chão
Passeei além dos muros
Que cercam meu coração
Eu já chorei
Eu já sangrei
Mas agora estou voando
O vento sopra o meu destino
Não vou olhar pra trás.

Mas por favor
Não me abra os olhos
Eu não lhe quero mal
Mas me deixe pelo ar
Só tenho paz
Depois de um sonho.

Já chorei
Já sangrei
Me perdi nos meus lençóis
Agora estou voando
E não quero dar com meus pés no chão
Melhor sonhar do que chorar



(Dado Villa-Lobos / China)

Me deixa em paz

Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar
Evitar a dor é impossível
Evitar esse amor é muito mais
Você arruinou a minha vida
Me deixa em paz

(Orquestra Imperial)

Não Foi Em Vão

Agora posso ir e não olhar pra trás
Passado tudo aquilo que se desfaz
Foi bom viver mais uma vez
saber te perdoar
e dar por fim da mágoa desse mal amar.

Hoje quero crer que não foi mesmo em vão
escolho solitude à solidão
foi bom te ter mais uma vez
poder te abandonar
e dar por fim a mágoa desse mal amar

quem feriu meu coração fui eu mais ninguém
quem feriu meu coração foi você também


(Thalma de Freitas)

Apenas Mais Uma De Amor

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito
Isso de ser abstrato, baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber


(Lulu Santos)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

É de lágrima

É de lágrima
Que faço o mar pra navegar
Vamos lá
Eu não vi, não, final!
Sei que o daqui
Teimou de vir
Tenaz assim
Feito passarim
É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim
E ao senhor de iludir
Manda avisar
Que esse daqui
Tem muito mais
Amor pra dar


(Marcelo Camelo)

Canção do amor demais

Quero chorar porque te amei demais
Quero morrer porque me deste a vida

Oh, meu amor, será que nunca hei de ter paz
Será que tudo que há em mim
Só quer sentir saudade

E já nem sei o que vai ser de mim
Tudo me diz que amar será meu fim

Que desespero traz o amor!
Eu nem sabia o que era o amor
Agora sei porque não sou feliz



(Chico Buarque / Tom Jobim)

Serenata do adeus

Ai, a lua que no céu surgiu
Não é a mesma que te viu
Nascer dos braços meus
Cai a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra: adeus

Ai, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve
De uma estrela pura, cuja luz morreu

Ah, mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir
Rasga o meu coração
Crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo amor
Toda a desilusão

Ai, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve de uma estrela pura
Cuja luz morreu
Numa noite escura
Triste como eu



(Vinicius de Moraes)

Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver

Não há você sem mim
E eu não existo sem você


(Vinicius de Moraes / Tom Jobim)

Luz Negra

Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
E não consigo achar ninguém
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.
A luz negra de um destino cruel
Que ilumina este teatro sem cor
Onde estou desempenhando o papel
De palhaço do amor
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.


(Jards Macalé)

Palpite

Tô com saudades de você, debaixo do meu cobertor
De te arrancar suspiros, fazer amor
Tô com saudades de você, na varanda em noite quente
E o arrepio frio que dá na gente
Truque do desejo
Guardo na boca, o gosto do beijo.
Eu sinto a falta de você, me sinto só

E aí?
Será que você volta?
Tudo à minha volta é triste
E aí
O amor pode acontecer de novo pra você
Palpite

Tô com saudades de você, do nosso banho de chuva
Do calor da minha pele, da língua tua
Tô com saudades de você, censurando o meu vestido
As juras de amor ao pé do ouvido
Truque do desejo
Guardo na boca, o gosto do beijo
Eu sinto a falta de você, me sinto só,

E aí?
Será que você volta?
Tudo à minha volta é triste
E aí
O amor pode acontecer, de novo pra você
Palpite



(Vanessa Rangel)

Depois de ter você

Depois de ter você,
Pra quê querer saber que horas são?
Se é noite ou faz calor?
Se estamos no verão?
Se o sol virá ou não?
Ou pra quê é que serve uma canção como essa?

Depois de ter você,
Poetas para quê? Os deuses? As dúvidas?
Pra quê amendoeiras pelas ruas?
Para quê servem as ruas?
Depois de ter você...

(Adriana Calcanhotto)

Onde Andarás

Onde andarás nessa tarde vazia
Tão clara e sem fim
Enquanto o mar
Bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces de mim?
Enquanto o mar Bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces
Eu sei meu endereço
Apagaste do teu coração
A cigarra do apartamento
O chão de cimento
Existem em vão
Não serve pra nada
A escada, o elevador
Já não serve pra nada
Janela, cortina amarela
Perdi meu amor
E é por isso que eu saio
Pra rua, sem saber pra quê
Na esperança talvez de que o acaso
o mero descaso, me leve a você

(Adriana Calcanhotto)

Um dia desses

De tanto me perder, de andar sem sono
Por essa noite sem nenhum destino
Por essa noite escura em que abandono
Os sonhos do meu tempo de menino
De tanto não poder mais ter saudade
De tudo que já tive e já perdi
Dona menina
Eu me resolvo agora ir me embora
Pra bem longe e daqui
Um dia desses eu me caso com você
você vai ver.. ai ai..você vai ver
Um dia desses de manhã com Padre Pompa
Você vai ver como eu me caso com você

Meu pobre coração não vale nada
Anda perdido, não tem solução
Mas se você quiser ser minha namorada
Vamos tentar, não custa nada
Até pode dar certo..ai ai
E se não der eu pego um avião
Vou pra Shangai e nunca mais volto pra te ver...


(Adriana Calcanhotto)

Mulher sem razão

Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
No final da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio

Pára de fingir que não repara
Nas verdades que eu te falo
Dá um pouco de atenção

Parta, pegue um avião, reparta
Sonhar só não tá com nada
É uma festa na prisão

Nosso tempo é bom
Temos de montão
Deixa eu te levar então
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto
Na escuridão do quarto


(Cazuza / Dé / Bebel Gilberto)

domingo, 13 de abril de 2008

Pois é

Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi

Taí
Nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
Disfarçar minha dor eu não consigo
Dizer: somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim

Enfim
Hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto
Pra quem só lhe foi dedicação
Pois é, e então...


(Chico Buarque / Tom Jobim)

Pois é

Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater

Avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até
Onde o destino não previu
Sem mais, atrás vou até onde eu conseguir
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar



(Marcelo Camelo)

Deixe a Menina

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz


Eu não queria jogar confete
Mas tenho que dizer
Cê tá de lascar
Cê tá de doer
E se vai continuar enrustido
Com essa cara de marido
A moça é capaz de se aborrecer


Por trás de um homem triste
Há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher
Mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem
Ou tire ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem


Não sei se é pra ficar exultante
Meu querido rapaz
Mas aqui ninguém
O agüenta mais
São três horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz


Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São seis horas, o samba tá quente
Deixe a morena com a gente
Deixe a menina sambar em paz

(Chico Buarque)

sábado, 12 de abril de 2008

As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



(Carlos Drummond de Andrade)

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.



(Carlos Drummond de Andrade)

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

(Carlos Drummond de Andrade)

Cânticos

Dize:
O vento do meu espírito
Soprou sobre a vida.
E tudo que era efêmero
Se desfez.
E ficaste só tu, que és eterno...

(Cecília Meireles)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Samba e Amor

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente inda se ama
E a fábrica começa a buzinar

O trânsito contorna a nossa cama - reclama
Do nosso eterno espreguiçar
No colo da benvinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer

Escuto a correria da cidade - que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde



(Chico Buarque)

Blues da Piedade

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo, derrotados
Dessas sementes mal plantadas
Que já nascem com caras de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo
Que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas mini-certezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar, fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar os blues
Com o pastor e o bumbo na praça.
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade



(Cazuza)

Doce Solidão

Posso estar só
Mas sou de todo mundo
Por eu ser só um
Ah nem, ah não, ah nem dá solidão
Foge que eu te encontro
Que eu já tenho asas
Isso lá é bom?!
Doce solidão

(Marcelo Camelo)

Saudade fez um samba

Deixa que meu samba
Sabe tudo sem você
Não acredito que meu samba
Só dependa de você
A dor é minha em mim doeu
A culpa é sua o samba é meu
Então não vamos mais brigar
Saudade fez um samba em seu lugar

(Carlos Lyra / Ronaldo Bôscoli)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Depois do Começo

Vamos deixar as janelas abertas
Deixar o equilíbrio ir embora
Cair como um saxofone na calçada
Amarrar um fio de cobre no pescoço
Acender um intervalo pelo filtro
Usar um extintor como lençol
Jogar pólo-aquático na cama
Ficar deslizando pelo teto
Da nossa casa cega e medieval
Cantar canções em línguas estranhas
Retalhar as cortinas desarmadas
Com a faca surda que a fé sujou
Desarmar os brinquedos indecentes
E a indecência pura dos retratos no salão
Vamos beber livros e mastigar tapetes
Catar pontas de cigarros nas paredes
Abrir a geladeira e deixar o vento sair
Cuspir um dia qualquer no futuro
De quem já desapareceu
Deus, Deus, somos todos ateus
Vamos cortar os cabelos do príncipe
E entregá-los a um deus plebeu
E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim


(Renato Russo)

Química

Estou trancado em casa e não posso sair
Papai já disse, tenho que passar
Nem música eu não posso mais ouvir
E assim não posso nem me concentrar

Não saco nada de Física
Literatura ou Gramática
Só gosto de Educação Sexual
E eu odeio Química

Não posso nem tentar me divertir
O tempo inteiro eu tenho que estudar
Fico só pensando se vou conseguir
Passar na porra do vestibular

Não saco nada de Física
Literatura ou Gramática
Só gosto de Educação Sexual
E eu odeio Química, Química, Química!

Chegou a nova leva de aprendizes
Chegou a vez do nosso ritual
E se você quiser entrar na tribo
Aqui no nosso Belsen tropical
Ter carro do ano, TV a cores, pagar imposto, ter pistolão
Ter filho na escola, férias na Europa, conta bancária, comprar feijão
Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão
Você tem que passar no vestibular


(Renato Russo)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Tô aprendendo a viver sem você

Venha pra perto de mim e veja como eu estou só
Senta, não olha pro chão
A culpa não foi de ninguem, não, não

Ah, tô aprendendo a viver sem você

Sei que o dia raiou para mim,
Mas pra você tanto fez
Sei que não vou mudar sou assim
Para você sou mais um

Ah, tô aprendendo a viver sem você

Tô voltando pro meu recanto
Lá é bem melhor
Não, não sei quem vai estar me esperando
Eu nunca vou estar só


(Rodrigo Netto)

Tanto Faz

Tanto faz, tudo bem.
Nunca mais amo alguém.
Some já do meu jardim.

Tanto faz, outra vez.
Quero paz e vocês,
Não vão precisar de mim.
Eu não sei viver sem paz.
Eu Não vou chorar.
Te prometo segredo.

Mas não venha me dizer.
O que eu devo ou não pensar.
E não ouse me impedir.
Nem dizer o que eu devo ou não devo.


(Tico Santa Cruz)

O Retorno de Saturno

Visão do espaço estamos tão distantes
se acelero os passos sigo a voz do meu coração.

Ontem eu fui dormir mais tarde um pouco.
E tudo vai indo bem...

Venço o cansaço e medo do futuro.
No seu abraço é que encontro a cura do mal
Hoje eu acordei e te quis por perto.

Você não sai do meu pensamento
e eu me questiono aqui se isso é normal.
Não precisa ser de novo assim tudo igual.

Entre o retorno de Saturno e o seu,
busco uma resposta que acalme o meu coração.
Do amanhã não sei o que posso esperar.


(Tico Santa Cruz)

Verdades do Mundo

Te encontro nas ruas
Até de olhos fechados.
Sinto tua presença e a lembrança
Que eu tenho de você.
Me faz querer te abraçar
Querer te encontrar.

Das coisas que digo sobre a gente
Ter coragem, às vezes me esqueço
E quando vejo um novo dia clareou
E eu fiquei aqui.

É difícil viver as verdades do mundo
Quando o seu coração não se sente à vontade.

Sigo teus passos, invento certezas
É certo que fracasso algum será capaz de me fazer
Desistir, porque eu não vou me entregar,
Eu não vou desistir

E se eu puder fazer por ti, o que ninguém
Jamais fez por mim, eu faço.


(Tico Santa Cruz)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Homem não chora

Homem não chora
Nem por dor
Nem por amor
E antes que eu me esqueça
Nunca me passou pela cabeça
Lhe pedir perdão
E Só porque eu estou aqui
Ajoelhado no chão
Com o coração na mão
Não quer dizer
Que tudo mudou
Que o tempo parou
Que você ganhou
Meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo Mundo sabe
Que homem não chora
Esse meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora
não chora não
Homem não chora
nem por ter
nem por perder
Lágrimas são água
Caem do meu queixo
E secam sem tocar o chão
E só porque você me viu
Cair em contradição
Dormindo em sua mão
Não vai fazer
A chuva passar
O mundo ficar
No mesmo lugar
Meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora
Esse meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo Mundo sabe
Que homem não chora


(Frejat)

Seu Amorzinho

Foi quando a ficha caiu
Que então eu vi você diferente
Não quero mais a sua boa intenção
Mas se você fosse um grande mal pra mim
Tudo agora doeria bem menos
Ou se eu nunca tivesse sido feliz
Hoje eu não sou mais o seu amorzinho
Não quero saber do seu medo da vida
Eu vou descobrir outros caminhos
E não tô com pressa de achar a saída
Não tente mais me agradar
Pra disfarçar o seu desejo
O sonho ficou lá pra trás
E não há lágrima que dê jeito
Mas se você fosse má pra mim
Tudo agora seria mais fácil
Se ao menos eu não tivesse sido feliz
Hoje eu não sou mais o seu amorzinho
Não quero saber do seu medo da vida
Eu vou descobrir outros caminhos
E não tô com pressa de achar a saída


(Frejat)

Desculpas já não peço mais

Cansei de não gostar de mim
Daqui pra frente não vai ser mais assim
Serei o meu melhor amigo
Inimigos como eu não preciso
Então vêm, eu te convido
Quer dividir comigo o paraíso?
O inferno é meu velho conhecido
Te mostro meu esconderijo
Desculpas já não peço mais
Fui ao inferno procurando paz
Não vou desperdiçar alegria
Amor, não precisa de filosofia
Cada ruga em mim te merece
Não confunda os desejos, agradece
E os presentes que eu te dei
São espinhos que em carinho transformei
Desculpas já não peço mais
Fui ao inferno procurando paz...
O que feriu a minha pele
me ajudou a entender
que a dor de quem se esquece é cruel
como nem o inferno pode ser.
Desculpas já não peço mais...


(Frejat)

Vem

Vem
Que eu sei que você tem vontade
Que eu sei que você tem saudade de mim
Antes que haja enfermidade
Que eu não me recupere

Mas
Se decidir fazer surpresa
Deixei as chaves embaixo do xaxim
Comprei os doces que devora
Acho que agora não vai resistir

Um espelho pra sua vaidade
Dossel, pena de ganso
É quase um romance
Desligue nossos celulares
Três dias pra um começo, vem

Vem
Eu sei que você tem vontade
Eu sei que você tem saudade de mim
Antes que haja enfermidade
Que eu me desespere


(Vanessa da Mata)

Nossa Canção

Olha aqui
Preste atenção
Essa é a nossa canção
Vou cantá-la seja aonde for
Para nunca esquecer o nosso amor
Nosso amor
Veja bem
Foi você
a razão e o porquê
De nascer esta canção assim
Pois você é o amor que existe em mim
Você partiu e me deixou
Nunca mais você voltou
Pra me tirar da solidão
E até você voltar
Meu bem eu vou cantar
essa nossa canção


(Luiz Ayrão)

Silêncio

Quando tive medo no começo,
eu vim só pra te dizer
Revirei meus planos pelo avesso
Confinando meu valor
Essa luz estranha que te afaga
É dificil de encontrar
Fica latejando na memória
Regulando meu amor
Quando o sono não vem
E é dificil de encarar
Quantos dias já tem ?
Que eu perdi o seu amor,
O seu amor!
Quem um dia poderia crer ?
No silêncio desse amor comum
Eu não posso, eu nao devo,
eu não tenho, eu não quero esconder
Os segredos que ainda me restam por direito algum
Das palavras que não quis dizer
Dos sufocos todos que escapei
Eu não posso, eu não devo,
eu não tenho, eu não quero esconder
Dos segredos que ainda me lembro não sobrou nenhum.


(Tico Santa Cruz)

Oração do Horizonte

Nós vivemos a verdade
Que reluz do coração
Somos força e coragem
Enfrentando a escuridão
E onde o amor for infinito
Que eu encontre o meu lugar
E que o silêncio da saudade
Não me impeça de cantar

Talvez você me encontre por aí
Quem sabe a gente possa descobrir no amor
Sonhos iguais
Noites de luz
Que os dias de paz
Estão em nós

Que o desprezo que nos cerca
Fortaleça essa canção
E que o nosso egoísmo
Se transforme em união
E onde o amor for infinito,
Que eu encontre o meu lugar
E que o estorvo da maldade
Não me impeça de voar
Talvez você me encontre por aí
Quem sabe a gente possa descobrir no amor

Sonhos iguais
Noites de luz
Que os dias de paz
Estão em nós

A bondade é fortaleza
O amor tudo é capaz
Que a cegueira da certeza
Não sufoque os ideais do amor
Do amor


(Tico Santa Cruz)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Me Chama

Chove lá fora e aqui, faz tanto frio
Me dá vontade de saber

Aonde está você
Me telefona
Me chama, me chama, me chama

Nem sempre se vê
Lágrimas no escuro, lágrimas no escuro
Lágrimas, cadê você

Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica sem porque

Aonde está você, me telefona
Me chama, me chama, me chama

Nem sempre se vê
Mágicas no absurdo, mágicas no absurdo


(Lobão)

De onde vem a calma

De onde vem a calma daquele cara ?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente
ele não saber ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil
De onde vem o jeito tão sem defeito
que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Esta se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão

Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
não vou ceder
Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim.


(Marcelo Camelo)

Sagrado Coração

Sei que tenho um coração
Mas é difícil de explicar
De falar de bondade e gratidão
E estas coisas que ninguém gosta de falar

Falam de um lugar
Mas onde é que está?
Onde há virtude e inteligência
E as pessoas são boas e sensíveis
E que a luz no coração
É o que pode me salvar
Mas não acredito nisso
Tento mas é só de vez em quando

Onde está este lugar?
Onde está essa luz?
Se o que vejo é tão triste
E o que fazemos tão errado?

E me disseram! Este lugar pode estar sempre ao seu lado
E a alegria dentro de você
Porque sua vida é luz

E quando vi seus olhos
E a alegria no seu corpo
E o sorriso nos seus lábios
Eu quase acreditei
Mas é tão difícil

Por isso lhe peço um favor
Pense em mim, ore por mim
E me diga: - este lugar distante está dentro de você
E me diga que nossa vida é luz
Diga que nossa vida é luz
Me fale do sagrado coração
Porque eu preciso de ajuda


(Renato Russo)

Monte Castelo

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrario a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.


(Renato Russo)

O Mundo anda tão complicado

Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.
Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa
é a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor


(Renato Russo)

Vento no Litoral

De tarde quero descansar, chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção

Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando eu vejo o mar,
Existe algo que diz,
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora


(Renato Russo)

Onde Ir

Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei por que moro ali
Eu não sei por que estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá prá cá
Andando por ali, por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem.

Cada um sabe dos gostos que tem
Suas escolhas suas flores, seus jardins
De que adianta a espera de alguem
O mundo todo reside dentro em mim

Cada um pode com a força que tem
Na leveza e na doçura de ser feliz


(Vanessa da Mata)

Não me deixe só

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz

Não me deixe só
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz

Não me deixe só
Que o meu destino é raro
Eu não preciso que seja caro
Quero gosto sincero do amor

Fique mais, que eu gostei de ter você
Não vou mais querer ninguém
Agora que sei quem me faz bem

Não me deixe só
Que eu saio na capoeira
Sou perigosa, sou macumbeira
Eu sou de paz, eu sou do bem mas

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz
Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz


(Vanessa da Mata)

Canção Pra Quando Você Voltar

Quando o sol de cada dia entrar
chamando por você
querendo te acordar

Vai ter sempre alguém pra receber
Dizer para esperar
Você já vai chegar

Alguém pra olhar a casa
E alguém que regue o seu jardim
Até você voltar

E como é normal acontecer
se num entardecer
A dor te visitar

Vai ter sempre alguém pra socorrer
Fazer o seu jantar
Dormir no seu sofá

Enquanto a noite passa por mim
Eu rego o seu jardim
Você já vai voltar


(Herbert Vianna / Leoni)

50 Receitas

Eu respiro tentando encher os pulmões de vida
Mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar
Ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida
Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar

Eu queria manter cada corte em carne viva
A minha dor em eterna exposição
E sair nos jornais e na televisão
Só pra te enlouquecer
Até você me pedir perdão

Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr

O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Nem seus muitos defeitos
Nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia

O que me dá raiva são as flores e os dias de Sol
São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraços protetor
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?


(Frejat / Leoni)

Saudade

É de manhã bem cedo

A rua desperta

Na primeira hora

Sinto falta de você

E vou pedir

Mais uma vez

Pra você voltar

Olha, eu sei que não tenho

A sorte e o tempo

Sempre que eu tento

Não consigo te dizer

Tão simples é

Mas eu perdi

Tão lindo amor

A saudade faz sofrer

Não precisa nem querer

Mais e mais

Vou amar você


( Freire Júnior / Fernanda Takai)

domingo, 6 de abril de 2008

Quem além de você?

Foi só um sorriso e foi por amor
Nenhuma ironia, não foi por mal
Foi quase uma senha pra te tocar
Nem foi um sorriso, foi um sinal

Por trás das palavras, da raiva de tudo
Sorri pra tentar chegar em você
Foi como fugir pra nos proteger
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?
Quem, além de você?

Ninguém tem razão, tenta me entender
E a gente é maior que qualquer razão
Foi só um sorriso e foi por amor
Te juro do fundo do coração

Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?
Quem, além de você?

Deixa isso passar, e quando passar
Vou estar aqui te esperando
Pra te receber
E sorrir feliz dessa vez
Que esse amor é tanto


(Leoni)

Saudade de Você

Me diz pra onde vai você
E o que você não vê
Quando você corre atrás. De quê?

Onde isso vai parar?
Se é que você pensou
Em chegar a algum lugar

Espera o sol desabar no mar
Mergulhar no silêncio

E agora onde está você
Será que já percebeu
Os sonhos que você perdeu. Por quê?

É cedo pra desistir
É cedo pra não lembrar
Que o plano era ser feliz

Então me diz pra onde vai você
Tropeçando em si mesmo

Me diz então
Quando você vai ter
Saudade de você


(Leoni / Cris Braun / Luciana Fregolente)

Por Aí

Se você me encontrar assim
Meio distante
Torcendo cacho
Olhando o chão
É que eu tô pensando
Num lugar melhor

E isso é bem pior, é
Se você me encontrar
Rodando pela casa
Fumando filtro
Roendo a mão
É que eu não tô sonhando
Eu tenho um plano
Que eu não sei achar
Ou eu tô ligado
E o papel, e o papel
E o papel pra acabar
Se você me encontrar
Num bar, desatinado
Falando alto coisas cruéis
É que eu tô querendo um cantinho ali


Mas se eu tiver nos olhos
Uma luz bonita
Fica comigo
E me faz feliz
É que eu tô sozinho
Há tanto tempo
Que eu me esqueci
O que é verdade
E o que é mentira em volta de mim


(Cazuza)

Quase um segundo

Eu queria ver no escuro do mundo
onde está o que você quer
pra me transformar no que te agrada,
no que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender?
eu tive um sonho ruim e acordei chorando
por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa...

As vezes te odeio por quase um segundo
depois te amo mais
teus pelos, teu gosto, teu rosto
tudo que não me deixa em paz

Quais são as cores e as coisas pra te prender?
eu tive um sonho ruim e acordei chorando
por isso eu te liguei,
será que você ainda pensa em mim
será que você ainda pensa


(Cazuza)

Só se for a dois

Aos gurus da Índia
Aos judeus da Palestina
Aos índios da América Latina
E aos brancos da África do Sul
O mundo é azul
Qual é a cor do amor ?
O meu sangue é negro, branco
Amarelo e vermelho
Aos pernambucanos
E aos cubanos de Miami
Aos americanos, russos
Armando seus planos
Ao povo da China
E ao que a história ensina
Aos jogos, aos dados
Que inventaram a humanidade
As possibilidades de felicidade
São egoístas, meu amor
Viver a liberdade,
amar de verdade
Só se for a dois, só a dois, é
Aos filhos de Ghandi
Morrendo de fome
Aos filhos de Cristo
Cada vez mais ricos
O beijo do soldado em
sua namorada
Seja para onde for
Depois a grande noite
Vai esconder a cor das flores
E mostrar a dor, a dor
Eu digo, o mundo é azul
Qual é a cor do amor ?
O meu sangue é negro, branco
Amarelo e vermelho


(Cazuza)

Teorema

Não vá embora
Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer
O que você me faz

É exagero
E pode até não ser
O que você consegue
Ninguém sabe fazer.

Parece energia mas é só distorção
E não sabemos se isso é problema
Ou se é a solução.

Não tenha medo
Não preste atenção
Não dê conselhos
Não peça permissão.
É só você quem deve decidir o que fazer
Pra tentar ser feliz.

Parece energia mas é só distorção
E parece que sempre termina
Mas não tem fim.

Não vá embora
Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer
O que você me faz

É exagero
E pode até não ser
O que você consegue
Ninguém sabe fazer.

Parece um teorema sem ter demonstração
E parece que sempre termina
Mas não tem fim.


(Renato Russo)

Dia Comum

Porque você se faz
O que não pode ser
Muito mais forte
Inofensivo

Tá complicado de dizer
Alguma coisa
Você não ouve
Não me responde

Já se perdeu
Ficou pra trás
Como um dia comum

Nada que eu faça te importa
Nada te importa mais
Nada mudou


(Rodrigo Netto / Tico Santa Cruz)