É segredo de quem ama
não conhecer pelo rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme a cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima... O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que ama,
entre lençol e cortina
ainda úmida de sêmen,
estes segredos de cama.
(Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, 19 de março de 2009
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